sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O herói do dia

Ano de eleição chegando e todos nós já nos acostumamos com o fenômeno que faz com que nossos políticos fiquem mais próximos da população, com sorriso no rosto e braços abertos. Nessa época é comum ver político em missa, beijando criança, em show de rock, inaugurando obra, lançando propaganda institucional no intervalo do Jornal Nacional. Nada disso surpreende.

Nada surpreendia até esta manhã quando me deparo com o vídeo que é o grand finale do cenário político local em 2013. Vos apresento Cid, O Super Governador, em uma cruel batalha em pleno calor de Itapipoca.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Red Hot Chili Peppers III

Desde que vi o Iron Maiden em 2009 eu percebi que era sim possível ver minhas bandas favoritas ao vivo. Ter que superar o desafio da distância e gastos acentuados, pois elas raramente se apresentam em Fortaleza, era algo a ser feito, mas aprendi que com um pouco de planejamento e economia eu conseguiria fazer. 

Ironicamente, quando eu tracei a meta de ver minhas bandas favoritas ao vivo a principal delas tinha dado uma longa pausa. Em 2009 não se sabia qual seria o futuro do Red Hot Chili Peppers, John Frusciante tinha acabado de sair e cada um estava se dedicando apenas para sua vida. E eu pensava: eles vão acabar logo agora que eu tenho como ir pra um show deles?

Felizmente o destino não foi cruel comigo. A banda voltou em 2011, lançou um bom cd e anda fazendo uma generosa turnê que completou dois anos em agosto. Por sorte, eles fizeram de cara uma turnê sul americana e eu não fiquei morrendo de ansiedade por um show. Tive a sorte de comparecer em dois shows, um na Argentina e outro no Rock in Rio (Me and My Friends). 



Quase dois anos depois, a banda anunciou outra turnê pelo Brasil e, mais uma vez, não tive dúvida. Apesar de esse ter sido um ano bem pesado de gastos pra mim, eu não podia deixar passar. Por mais que eu tivesse ido a dois shows da turnê I'm With You, já fazia algum tempo e sabe-se lá quando seria minha próxima chance. Então garanti a presença no show que seria o "Retorno do Rei" na minha trilogia de shows da banda.

Pois é, Retorno do Rei. A exibição do dia 9 de novembro foi memorável. As duas passadas foram muito boas, mas a atual formação estava muito mais entrosada nesse show e acabou de voltar de alguns meses de descanso. Elementos preciosos pra um show explosivo.

Ao invés de esperar até duas da manhã como no Rock in Rio, a banda subiu ao palco 23:30 e, ao que parece, até quem se apresenta não gosta de esperar tanto. Logo, tivemos uma banda ligada em 220 V por toda apresentação, tocando alguma das músicas que embalaram momentos essenciais na minha vida, sejam tristes ou alegres, ou com a família, amigos ou namorada.

Como eu disse na resenha do show do Paul, eu já não ando com tanto gás em resenhar show música após música, mas posso dizer que ver canções como Universally Speaking e Meet me at the Corner ao vivo foram dois sonhos realizados.


A banda estava inspiradíssima e dedicada em fazer um show muito intenso, até pq esse seria o último show da turnê nesse ano. Cada hit foi executado com muita energia, não importando se era dos anos 80 ou do último cd.

Foi um show que guardarei na minha memória pra sempre e ainda posso comemorar o fato de em breve sair um bootleg oficial do show. É só alegria!


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

8 anos

Certo dia eu conversava com meu amigo Rafael Kbça e ele perguntou pra mim quando foi o primeiro ensaio da nossa banda. Eu não sabia ao certo e fui no procurar no blog. Um clique aqui e outro aculá e descobri que começamos a banda no dia 12 de setembro de 2009.

São por fatos como esse tanto carinho por esse blog. 

Por mais que ele não tenha tudo registrado aqui, é um ótimo arquivo da nossa galera, mostrando não apenas o que acontecia com a gente, mas também sensações, expectativas e dúvidas. São oito ótimos anos gravados nesse blog. Nem todas as coisas foram perfeitas, mas não faltaram conquistas e sonhos realizados que foram alegremente colocados aqui.

O blog, na verdade, completou oito anos no dia 05 de setembro. Mas eu estava recém chegado do mochilão pela América do sul e passei boa parte desse tempo organizando a vida em solo cearense. 

Espero continuar colaborando com ele ´por longos e longos anos, mesmo que ele acabe contado com pouquíssimos acessos. No fim das contas isso não importa. A memória preservada paga o esforço.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Plebiscito de 1993

Nas últimas semanas, um dos temas que entrou na pauta das rodas de debates por todo país foi a possibilidade de ocorrência de um plebiscito para iniciar uma reforma política no país. Logo começou a se falar de plebiscito, imediatamente lembrei de um ocorrido há muito tempo!

O ano mais precisamente era 1993 e foi um plebiscito no qual o povo foi consultado sobre a forma de governo (monarquia ou república) e sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo). Os vitoriosos na votação foram a república e o presidencialismo, forma e sistema que vigoram até hoje.

Foi ai que bateu a curiosidade e fui ver como foram as propagandas para cada opção nesse plebiscito e, graças ao You Tube, eu encontrei, umas maiores e outras menores:

Monarquia



República



Presidencialismo



Parlamentarismo




Comentários:

a) assim como qualquer propagandas eleitoral, é aquela coisa: defendemos o melhor e o perfeito, o lado de lá, e somente ele, tem imperfeições e sujeiras;

b) O publicitário da campanha parlamentarista foi Duda Mendonça. Na peça elaborada por ele, vemos criticas à corrupção e grande negociata que o presidencialismo pode ser. Anos depois, o mesmo foi réu no julgamento do Mensalão e acabou absolvido.

c) Segundo a wikipédia, Alagoas foi o Estado que mais votou a favor da Monarquia.

d) alguns vídeos são bem maiores do que outros, mas isso não representa preferência pessoal. Foi apenas o que consegui encontrar.




quarta-feira, 3 de julho de 2013

Colossais - EP

Galera, é com grande felicidade que venho divulgar o EP da banda cearense Colossais.

Pra baixar, basta clicar aqui.

Lucas Braga, Robson Rodrigo, Bruno Braga e Claudemir dos Anjos
Para conhecer mais sobre os caras é só dar uma conferida no release:

Colossais é uma banda de Rock Nacional formada em outubro de 2011. O estilo musical do grupo consiste em Hard Rock, post-grunge e metal alternativo, com letras em português apresenta uma nova proposta ao cenário atual. A banda é constituída pelos membros fundadores Lucas Braga (vocais) e Bruno Braga (baixo), mais adiante com o baterista Claudemir dos Anjos e o guitarrista Robson Rodrigo.

Tudo começou com dois jovens querendo formar uma banda de Rock, Lucas e Bruno Braga são primos e desde sempre quiseram eles formar uma banda, após algumas tentativas frustradas conseguiram montar em 2010 uma banda chamada Mata Pato (uma expressão nordestina que se dar a “loucos”) com letras politicamente incorretas e uma pegada Punk Rock, logo conseguiram com que algumas pessoas curtissem suas canções. Com a permanência de Claudemir na bateria, a banda optou por uma mudança no som, mas sem mudar a proposta, letras com um apelo social, discutindo ideias, colocando em pauta pessoas e comportamentos, mudando seu nome para Colossais, mais posteriormente entra um novo integrante, Robson Rodrigo atual guitarrista.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Resumão da Copa das Confederações de 2013

A Copa das Confederações é basicamente um evento teste para a Copa do Mundo. Embora não tenha sido criada com essa finalidade, o torneio passou a ser usado desde 2001 como um evento para testar os países que vão sediar a copa do mundo no ano seguinte ( em 2003 foi disputada uma edição na França, sendo a última sem a finalidade de teste para a copa).

Justamente por ter esse caráter menor, o torneio normalmente era deixado de lado e considerado sem sal. Porém, muitos fatores, dentro e fora de campo, fizeram desse evento algo histórico. É o que tentaremos resumir a seguir:


  • O povo ocupa as ruas!
Que a Copa das Confederações iria ser notícia no Brasil não havia dúvidas, afinal somos a sede. Mas o torneio passou a integrar os meios de comunicação de todo o mundo por um fator não planejado nem pela FIFA, nem pelo governo, pelo contrário, contra eles! Pois é, se você não voltou de Marte agora, já deve saber que estou falando das manifestações.

Ao contrário do que muita gente pensava, inclusive eu, o futebol não é capaz de esfriar o sentimento de indignação do povo. Milhares e milhares foram para as ruas desde 12 de junho e os dias com jogos eram normalmente marcados por grandes protestos próximos aos estádios. Os 20 centavos foram um estopim, a Copa um catalisador, e toda essa galera marchou quase diariamente na luta por país mais digno. Como resultado, autoridades, jornalistas, jogadores, comissão técnica e etc, ninguém conseguiu ignorar o povo nas ruas. A presidente teve que se pronunciar sobre o acontecido. A PEC 37 caiu. Um deputado foi preso. Aumentos foram revogados. Mostrou para o mundo que Brasil não é apenas praia, futebol e carnaval. Ainda é pouco, mas são vitórias que eu não conseguia imaginar até pouco tempo.

A nota triste ficou pelos intensos combates entre polícia e protestantes, onde os justos acabaram pagando por alguns pecadores. Vale um post específico depois.

Muitos dizem: o Brasil campeão vai fazer tudo esfriar. Posso estar errado, mas acho que não. O povo não ia para as ruas por causa da falta de hábito e mobilização. Agora que criou tais hábitos, não vai ser uma vitória que vai fazer ele parar. Espero que assim seja, pois existem muitas batalhas para vencermos.

  • Melhor Copa das Confederações já disputada 
Para ter noção de como o foco ficou nas ruas, a Copa das Confederações disputada nesse ano foi sem dúvidas a melhor disputada e mesmo assim a repercussão dos jogos em si foi tímida até a final.

A Copa tinha oito times, dos quais 4 já foram campeãs mundiais e três delas tinham sido as últimas campeãs da copa (Brasil em 2002, Itália em 2006 e Espanha em 2010). Das seleções que não possuíam títulos mundiais, duas eram campeãs olímpicas (Nigéria em 1996, México em 2012). Ou seja, era muita tradição em campo.

Foram 68 gols em 16 jogos, apenas um zero a zero (que foi épico), e mais de quatro gols por jogo. Para ter noção, na última edição foram 44 gol em 16 jogos.

  • Brasil volta a ter uma equipe competitiva 
Mais do que o título, o importante foi ver a seleção apresentando um futebol competitivo novamente, tendo algumas peças se destacado. Neymar jogou como nunca e já estão endeusando o garoto (aqui cuidado, os extremos - a crítica incessante e o elogiou exagerado - são dois lados da mesma moeda). Ele vai precisar de muita cabeça para se manter focado até ano que vem. Enquanto isso, Fred marcou os gols que a seleção precisava e ajudou bastante com sua experiência. Julio Cesar recuperou do trauma da copa. David Luis e Tiago Silva, embora com algumas pequenas falhas, foram muito bem. Daniel Alves e Marcelo foram muito bem, sendo o Marcelo mais constante. Hulk e Oscar não inspiraram, mas transpiraram pra caramba, executando todas as determinações do técnico. Paulinho deixou de ser apenas o ídolo do Corinthians para ser respeitado por toda a torcida.

  • Fortaleza: difícil de avaliar
Se a Copa das Confederações é um teste, como se saiu nossa cidade? Difícil de avaliar. Em termos de público, todos os jogos receberam bom número. O gramado do castelão foi eleito o melhor do torneio, mas deverá sofrer reparos para copa. Fora do estádio, algumas medidas foram feitas para maquiar a realidade. Decretar feriados diminuiu a possibilidade de engarrafamento. Os ônibus e os bolsões de estacionamento foram ótimas ideias e, apesar de algumas falhas, eu aprovo. Quanto a recepção de turistas, eu ainda não vi muitas informações, mas pelo que acompanhei até pouco tempo antes do evento, nossa cidade apresentava algumas falhas significativas. O principal ponto negativo, é que as obras ditas como legados da copa (transporte urbano, aeroportos e etc), não foram testados porque estão muito atrasados.

No jogo que fui, apesar das 56 mil pessoas, tudo ocorreu tranquilamente. A torcida é muito mais tranquila, nem lembrando a de um jogo normal. A chegada foi rápida e saída também. Acho que minha experiência não conta muito porque tudo deu extremamente certo, então não é muito parâmetro.
  • 5 melhores jogos
5º lugar: Espanha 0 x 0 Itália (7 a 6 nos pênaltis)
4º lugar: Brasil 4 x 2 Itália
3º lugar: Brasil 2 x 1 Uruguai
2º lugar: Brasil 3 x 0 Espanha
1º lugar: Itália 4 x 3 Japão

  • As principais gafes
Como qualquer evento grande evento, especialmente no Brasil, gafes não poderiam ficar de fora. E foram muitas:

  1. Joseph Blatter: eu não gosto muito de vaiar, mas o pessoal resolveu vaiar a presidente Dilma. Era algo entre a população e sua presidente, ou seja, assunto da casa. Logo, acho que o chefe maior da fifa devia ficar calado na sua e nada de se meter pedindo fair play com a presidente. E o suíço tava tão azarado que o outro torneio que tava organizando, o mundial sub 20, foi na Turquia, onde a porrada tá comendo.
  2. Vaias para a Espanha: olha elas aqui de novo! Aqui não tem como dar razão ao público. Passamos tanto tempo vendo pernas de pau por aqui que só sabem desferir cacetadas e erram passes de dois metros que é incompreensível vaiar a Espanha porque ela toca a bola muito bem. Podem dizer que é chato e que ela era rival, mas eles jogam um bom futebol e acho que isso deve ser o que a galera queira ver dentro de um estádio, não?
  3. Pelé: pediu pro povo esquecer as manifestações e apoiar a seleção. Não é a primeira vez que o ex-jogador faz isso e mais uma vez manda uma fora.
  4. Sérgio Ramos: ao acertar o pênalti contra a Itália, mandou a torcida cearense ficar calada. Cuidado, praga de cearense pega... Perdeu um na final.
  5. Espanha x Hotel e Imprensa: olha a Espanha aqui mais uma vez... Dá até pra entender porque eles perderam hehe. Tudo começou com a Espanha insinuando que havia sido roubada em Recife. Ai funcionários do hotel, os potenciais suspeitos das acusações espanholas, abriram a boca: teve farra e mulheres com os jogadores no hotel. Ao vim para Fortaleza, nova polêmica com o hotel local. Depois afirmaram que tudo era tentativa pra instabilizar eles. Ou seja espanhóis, foco!
  6. Faltando 4 dias para estrear, os jogadores da Nigéria resolveram fazer uma greve, deixando todo mundo sem saber o que ia acontecer. Eles jogaram, mas foram logo eliminados.

  • Menção honrosa
Foram muitas goleadas, mas o Taiti apresentou o prazer e a alegria de jogar futebol que só um time amador, sem as pressões e regulações do profissionalismo, pode mostrar. Apesar dos gols, foi o time que menos cometeu faltas, mais sorriu e mais sonhou.

  

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Duas propostas para o transporte público

Desde que começou a onda de protestos aqui no Brasil, eu venho comentando com meu amigo RafaelK sobre a necessidade de diálogo entre as pessoas, inclusive e especialmente aquelas que pensam diferente. Uma atmosfera democrática compreende o encontro com o heterogêneo e o confronto, racional e civilizado, de ideias e propostas.

Como a questão do transporte público e mobilidade urbana é uma das principais questões que se formou, eu coletei dois materiais com propostas diversas para a solução do problema.


A primeira proposta é a que defende o Passe Livre. Para ela, coloquei uma entrevista de Lúcio Gregori para a Record News. O entrevistado foi secretário de Transportes de São Paulo e um dos pioneiros dessa questão no Brasil.


Quem quiser aprofundar sobre passe livre, é só acessar: tarifazero.org


A segunda proposta é a que defende a abertura do mercado de transporte urbano para a livre concorrência, justificando as melhorias e preços mais justos com base na competição que seria inaugurada. Para ela, encontrei um podcast no site do Instituto Ludwig von Mises - Brasil e nele temos Anthony Ling (formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS) defendendo a tese. Pra quem quiser mais informações, é só clicar aqui.

Enjoy it.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um conto de duas cidades

Hoje, 19 de julho, Fortaleza foi palco de um protestos que segue na onda da nossa "primavera brasileira" e o primeiro jogo da seleção brasileira no castelão durante a copa das confederações. Eu hoje estive presente nos dois, não estando no protesto até o fim, nem chegando cedo ao estádio. Gostaria de compartilhar o que vi.
Pela manhã me junto a amigos e vamos ao protesto. Para chegar no protesto, muitas pessoas a caminho, o que não significa problemas, e não houveram. Então temos a primeira reunião (pelo menos a primeira que eu vi) próximo a um dos bloqueios feitos pela polícia nos acessos ao estádio. 
Primeira reação que acho de grande relevância e aconteceu de forma bem generalizada. Haviam partidos presentes em meio aos protestantes e o coro geral era de que o movimento não pertence a nenhum partido. Sempre q vi as bandeiras partidárias levantadas, logo em seguida foram seguidas por essas mensagens dos protestantes. 
Acho essa reação relevante, pois me pareceu mostrar que, como o protesto é contra a forma de se gerir e cuidar esse país (não de hoje, mas já há muito tempo) é insatisfatória, negligente e, em não poucos casos, criminosa. Portanto, temos um movimento que levanta a bandeira, que como dizia um dos gritos repetidos nesta tarde "Povo unido não precisa de partido"

Marchamos até o bloqueio, mostramos nosso ponto de vista de que os policias são tão partes desse processo como nós. Uma forma de resistência, que achei simples, genial e que simpatizei muito, foi de simplesmente ficarem todos sentados ao tentar serem rechaçados. Demonstrando uma forma pacífica de manter sua posição.

Juntando informações do que vi e do que escutei das entrevistas divulgadas ao longo desta noite, o ponto de desvirtuamento inicial foi quando manifestantes que estavam na linha de frente avançaram contra os policiais. Fomos recuando de nossa posição através de tiros com balas de borracha e gás lacrimogêneo. E para onde eu olhava via pessoas buscando formas pacíficas de manter o protesto. Com isso não invalido a ação da polícia, pois se eles foram atacados, há de se esperar que eles procurem manter seu posicionamento (não presenciei excessos de nenhuma das partes, não que não tenham existido, mas não presenciei). Com isso não tento justificar ou procurar a razão de um ou de outro, mas ressaltar que o movimento tem um posicionamento claro e muito bonito (e no qual eu acredito).






Passando este estágio da manifestação, há apenas mais um ponto que gostaria de ressaltar (os demais momentos são de caminhadas sob o sol inclemente de Fortaleza). Após o recuo da posição de onde estava o bloqueio da polícia, o passo seguinte foi paralisar o trânsito na BR. O que foi feito de forma tranquila. E aqui se segue uma cena que acho que exemplifica bem a situação pela qual passa o movimento.
Um ônibus para, o motorista abre a porta alguns manifestantes se juntam, falam com ele, esclarecem a questão da paralisação, e a conversa termina amigavelmente. Provavelmente ele, o motorista, não queria ficar parado ali, mas o impasse foi resolvido sem atos de ofensa. 
A seguir duas pessoas procurar subir no ônibus pelas janelas e são recebidas com diversos gritos de "desce!  desce!" (o que foi feito). Logo após, três pessoas resolvem querer secar os pneus do ônibus. Um cara chega para conversar falando que aquilo não é a idéia do movimento, não é aquele o caminho, eles estariam apenas fazendo um vandalismos gratuito. A resposta do gênio é "Não é problema teu. Eu quebro o que eu quiser". Joinha pra você, champs!

A exemplificação que me refiro deste momento, é que temos um movimento de pessoas que estão indignadas, estão querendo mudanças, e estão querendo fazer isso de uma forma cívica. Existem indivíduos que desvirtuam esse movimento, e são rechaçados pelo próprio. A discussão continua..

Vamos ao outro lado deste post. O jogo.
Estamos agora do outro lado da barreira policial. Caminhamos bastante sob o nosso amigável sol, que só quer estar sempre bem perto de você. No momento quero me direcionar apenas ao momento dentro do estádio (acredito que o Harley, com um talento bem mais claro para palavras vá descrever melhor essa ida ao castelão, no momento oportuno). Eu não sou um frequentador de estádios, e a última vez que fui a um estádio era tão novo que não me resta de memórias nada além de fragmentos curtos.
Hoje posso dizer que durante o jogo, aquele momento captou minha atenção. Me fez torcer, me fez arrepiar. A experiência como torcedor junto com aquela multidão foi ótima. O estádio é de fato muito bonito e o espetáculo proporcionado também o foi. Valeu pelo show em "palco" as seleções e valeu pelo show nas arquibancadas, ao público.

Deixo por aqui esse texto. As demais impressões podem ficar germinando na cabeça até evoluírem ou serem descartadas. 


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Entre a cruz e a espada

Começa amanhã, dia 15, a Copa das Confederações 2013, a ser disputada aqui no Brasil. O evento reúne os campeões dos torneios organizados pelas seis confederações da FIFA, mais o campeão do mundo e o país sede. A rigor, não passa de um evento teste para as questões infra estruturais para copa do mundo, pois, afinal, você já ouviu algum jogador falar que sonha em ganhar a Copa das Confederações? Ou algum jornalista ou torcedor dizendo que esse ano é rumo ao tetra?

Não né?

Porém, quis o destino que para o Brasil fosse um pouco diferente.

Com uma seleção que não ganha um título nem convence desde 2009, quando foi campeã do torneio, a seleção vem acumulando uma série de resultados modestos, muito aquém do título de melhor seleção do mundo que já foi tantas vezes empunhado pela equipe nacional. Logo, muita pressão vem sendo jogada por boa parte da torcida e da imprensa, que deverá usar o torneio para julgar o técnico Felipão e os principais jogadores do elenco. Além disso, um título seria útil pra resgatar a paixão e o espírito de copa do mundo e assim amenizar a revolta popular com a onda de imoralidade que cerca as obras públicas do evento. Meio triste pensar assim, mas é provável que aconteça.

No meio desse turbilhão, encontra-se um jovem de apenas 21 anos. Neymar é e continua sendo, desde 2010, alçado a principal ídolo do futebol, sendo suas glórias exaltadas e fracassos duramente criticados. Com essas cobranças de proporções desumanas, a comissão técnica resolver blindar o garoto, e com razão. É necessário blindar Neymar não só pelo grande jogador que é, mas pelo ser humano que existe independente de ser atleta profissional. O cara tem apenas 21 anos e tem a cobrança de ser o principal jogador de uma nação que acha que futebol é questão de vida ou morte.

Muito desse super dimensionamento de Neymar se deve a mídia e ao Marketing, pois é melhor associar sua marca ou produto (e nisso incluo as transmissões esportivas como produto) à um super atleta, descrito com qualidades sempre superlativas, do que à de um atleta comum, que pode errar ou acertar, de que pode brilhar ou ser discreto, que pode ser o principal ou o coadjuvante. Com certeza a Claro, Volkswagen, Clear Men, entre outras, não querem ver seus produtos indicados por alguém que pode errar ou não ser " o cara" do momento, pois afinal, quem irá copiá-lo? Quem irá segui-lo nas suas escolhas de consumo? 

Algo semelhante aconteceu na década passada com Lebron James, da NBA. O atleta entrou jovem na NBA, com 18 anos apenas, e já era tido como o principal nome da liga pela imprensa e publicidade. A imagem vendida por esses meios foi tão exagerada que nem o talento monstruoso do atleta consegue dar vencimento ou satisfazer as demandas criadas. Para se ter noção, a campanha publicitária da Nike para o jogador é que os torcedores são "testemunhas" dos feitos do atleta. Numa entrevista feito pelo seu ex-companheiro de equipe Anderson Varejão na rádio Estadão/ESPN, o pivô afirmou que Lebron no começo de carreira vivia procurando saber o que se falava dele e que, na opinião do brasileiro, isso tirava um pouco o foco do atleta.

Enfim, o torneio vai começar amanhã. Neymar deve ser cobrado e exaltado como apenas um humano. A seleção não vive uma fase boa, então não adianta sonhar demais. E ganhando ou perdendo o torneio, não podemos fechar os olhos para as presepadas dos nossos governantes.




quinta-feira, 6 de junho de 2013

NBA Finals 2013



Em 2007, o San Antonio Spurs derrotou o Cleveland Cavaliers por 4 – 0, na série melhor de sete jogos, e conquistou o quarto título da história da equipe. Naquela época, o elenco dos Spurs já era bem experiente e muito se comentava e apostava que a equipe ainda teria mais duas ou três chances de competir pelo título.


http://howseholdgraphics.deviantart.com/


Não foi em 2008, 2009 ou 2010 em que os Spurs conseguiram voltar para a final da NBA, mas em 2013, ou seja, seis anos depois. Embora boa parte do elenco tenha se renovado, o núcleo que lidera o time é o mesmo daquela época: Duncan, Ginobili, Parker e o técnico Popovich.


Porém, na quinta final da equipe, eles não entram como favoritos. Tudo isso porque o seu rival, Miami Heat, montou uma grande equipe em julho de 2010 e de lá pra cá é a principal força da liga. Liderados por Lebron James e Wade, a equipe da flórida chega a sua terceira final seguida (perdeu para os Mavs em 2011 e ganhou do Thunder em 2012), fez melhor campanha nesse ano, conseguiu a segunda maior sequencia de vitórias da história da NBA (27 vitórias seguidas), e viu Lebron ser eleito o melhor jogador da liga nas últimas duas temporadas.


A final ainda terá um gostinho especial para James. Ele era o principal jogador de Cleveland naquela série em que eles foram atropelados pelo Spurs. Já era um dos melhores jogadores da liga, mas ainda muito jovem, e o insucesso naquelas partidas gerou muitas críticas para o jogador.  Até o ano passado, quando ganhou seu primeiro título de NBA, James era atormentado pelas lembranças daquela final e provavelmente deve entrar muito focado para dar o troco.
Todas essas informações e, em especial, o bom desempenho do Heat contra o Spurs nas últimas partidas, me faz acreditar que a equipe de South Beach leva o campeonato. Contudo, não dá pra menosprezar o talento e a experiência dos Spurs. Eles jogam muita bola, não como o Heat, e podem aparecer com algumas táticas durante os jogos que consiga anular ou diminuir as forças do Miami.
 
Eu, como fã do esporte, desejo apenas uma grande final. Se os Spurs ganhassem seria muito bacana, mas o Heat campeão será de grande justiça. Não importa quem leve o troféu, estará em boas mãos.

domingo, 12 de maio de 2013

Melhor que cinema 3D

Antigamente, na era do cinema mudo, alguns filmes tinham a trilha sonora tocada ao vivo como forma de deixar as coisas menos monotonas. Com o avanço do cinema, as trilhas passaram a ser inseridas no próprio filme e a música ao vivo nos cinemas se tornou inútil.

Porém, as vezes a trilha sonora é épica demais e pede um pouco mais. Foi atendendo isso que a orquestra de Roterdam teve fez isso aqui:



Não vejo a hora de ter a trilha sonora do filme do pelé. :D

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O nome certo!

Desde a entrega das obras da Arena Castelão, começou um grande debate sobre qual seria a escolha certa para apresentar o estádio ao mundo. Nesse tempo, tivemos muitos boatos como Red Hot Chili Peppers e Elton John, mas no fim das contas acabou sendo escolhido o nome de Paul McCartney. E a escolha foi certa!

Como já deixei claro aqui n vezes, sou um grande fã dos chili peppers, porém sempre achei o nome do inglês mais adequado e vi que estava certo. Por ser o primeiro evento desse porte no estado, o tiro deveria ser certeiro. E com um ex-beatle na jogada, a partida estava quase ganha, pois a banda é um fenômeno musical que continua forte mesmo depois de 40 anos do seu último trabalho. Assim, tivemos no castelão um encontro de gerações e muitas famílias, além de um enorme número de fãs casuais que mal pisam em shows na nossa cidade, mas que não deixaram passar essa oportunidade única (obs: não tenho nenhuma restrição com que vai apenas a show de gringo famoso, ao contrário de certo vocalista famoso).

Porém, o evento não seria um sucesso apenas devido a expectativa do público e uma presença maciça do mesmo no estádio, esgotando quase todos os setores, salvo aqueles mais caros como Camarote e Lounge VIP. O que restava para consagração da noite era o Sir Paul McCartney subir ao palco e, como disse o mesmo, botar boneco. E nisso não houve uma gota de decepção, pois o show foi incrível e memorável.
Durante quase três horas, Paul desfilou sucessos dos Beatles e de sua carreira solo, um repertório incrível e mesmo não conhecendo umas oito músicas (foram tocadas mais de trinta no total), me encantei bastante pela qualidade da composição e a sublime execução. 

O inglês não é um showman solitário, pois conta com uma banda talentosa e carismática, fazendo do espetáculo algo inesquecível para todos. Além disso, Paul não se sustenta apenas não sua fama e se esforça para se comunicar com a platéia, seja em inglês, português, gestos e danças. O baixista conduz a platéia de um estádio lotado ( e que estádio... belíssimo) e tem o público na mão.

Fora isso, não tenho muito o que dizer. Venho abandonando o estilo tradicional de resenha, onde analiso música após música. Apenas posso dizer que Something foi um momento sobrenatural pra mim.


  • Acesso ao estádio foi complicado:
Vcs já devem ter lido em vários lugares, mas fica aqui minha visão sobre o acesso ao local. Chegar a um evento desse já é complicado e com o entorno do estádio em obras fica ainda mais. Apesar do mapa providênciado pela AMC indicar quatro vias de acesso, muita gente foi jogada para a Av. Alberto Craveiro pelo fato de lá ter o principal estacionamento indicado no mapa. Logo, o engarrafamento foi histórico.

No meu caso, cheguei ao show por volta das 16 horas. Fui de ônibus e o engarrafamento foi pequeno. Acho q apenas cinco minutos a mais do que enfrentaria em um dia normal. Já na volta, peguei uma carona com meu amigo Italo, que estacionou o carro no CEU. Ele acabou sofrendo um pouco mais. Pagou pelo estacionamento no iguatemi e sequer conseguiu chegar lá, pois o engarrafamento era insano.

A estratégia de ônibus que iria fazer o trajeto do estacionamento ao estádio foi um fracasso. O engarramento fazia com que a escolha do ônibus fosse inútil e foi preferível andar. Na verdade, depois que andei a distância entre o estacionamento para o estádio, vi que não era nada demais. Com exceção do Rush in Rio 2010, eu sempre tive que andar bastante. Por exemplo, o bloqueio do rhcp na argentina era de 16 quarteirões! Acho que o maior receio era a segurança mesmo, mas se tinha um canto lotado de PM era lá.

  • Estádio aprovado para receber shows
Salvo o velho problema de fila, o local foi aprovado na minha visão. As cadeiras são boas, pois estádio não tem nada mto melhor do que aquilo. Nas arquibancadas, o acesso ao banheiro e as lanchonetes era facilitado. Quem reclama muito, evite o rock in rio hehe.

  • Classic Rock Rules
O que Roger Waters, Paul, Rush e Deep Purple tem em comum? Shows fodas! Com esses caras, um show de rock não é algo trivial, mas um acontecimento. Os músicos apresentam, apesar da idade, uma gana incrível para se apresentar. No caso dos mais financiados, RW, Paul e Rush, eles entregaram os melhores espetáculos em termos de efeitos e estrutura.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sentir-se pequeno nessa terra de gigantes

Na terra de gigantes, onde todos são sempre mais jovens, mais bonitos, gênios e artilheiros. A cada 5 minutos surge o melhor do século. Diante de todo este sentimento, sentir-se pequeno diante de um mundão como esse, parece uma dádiva. 

Olhar para uma bela montanha ou serra se erguendo e perceber o quanto somos pequenos diante dela. Ver o mundo como algo além de um shopping a espera que você venha pelo caminho pré determinado pra comprar o produto desejado. 

Mas a gente aqui, pequenos nessa terra de gigantes, não somos tão simétricos, nem acabamos tirar a melhor foto do ponto turístico que visitamos mas não sentimos. 

Então, sou pequeno mesmo, porque reclamar? O mundo fica maior assim. São mais caminhos a percorrer.


"Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar."
Antonio Machado

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A omissão estatal não vai se resolver apenas com a lei



Nas últimas semanas cresceu bastante o movimento em prol da diminuição da maioridade penal no Brasil. Muito disso por causa do assassinato banal e revoltante do jovem Victor Hugo Deppman, que foi baleado sem sequer ter reagido ao ato criminoso. Um assassinato frio e cruel, capaz de desencadear um grande sentimento de revolta. O criminoso era um adolescente de 17 anos, prestes a completar 18. Qual é a pena máxima que pode receber? Cerca de três anos em casa de custódia. Tal fato motivou uma entrevista coletiva do Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sendo favorável que se diminua a maioridade penal ou que aumente o período de internação e ganhou grande força no cenário político nacional, inclusive na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

No entanto, mesmo que seja aprovada a nova maioridade penal, o que só será possível através de uma longa e árdua batalha constitucional, eu sinceramente acho que isso não vai mudar muita coisa. Não estou aqui defendendo menores infratores. Na verdade muito desses casos me revoltam e sempre tendo a valorizar mais a posição da família do que a do criminoso.

Porém, eu quero alertar para o populismo penal apregoado por governantes, parlamentares e polícia, que coloca a culpa da impunidade quase que exclusivamente na lei, alegando sua permissividade, e assim tentam esconder as limitações práticas e materiais do nosso sistema de segurança pública. Limitações que em boa parte não são culpa da lei.

Para pensarmos em segurança pública, temos que pensar no seguinte sistema:

Polícia Militar – Polícia Civil – Ministério Público – Judiciário (juiz que julga o caso) – Judiciário (juiz que preside a execução penal) – Estabelecimentos prisionais.

Em tese, o sistema de segurança pública deve funcionar assim:

A polícia militar é a responsável por fazer o combate ostensivo da criminalidade, sendo responsável pelo confronto direto e, quando bem sucedida, pela prisão do criminoso.

Após a prisão, o criminoso é encaminhado para a delegacia de polícia civil, onde poderá ficar preso e onde o delegado vai instaurar o procedimento administrativo de inquérito policial, que será responsável pra colher as provas que serão usadas para condenar o criminoso e assim fazer com que ele possa ir pra cadeia.

Investigação feita, a bola passa para o ministério público, que apura o inquérito e com base nas suas provas entra com a ação penal.

Iniciada a ação pena, o Juiz julga o caso respeitando o devido processo legal, que em linhas gerais (vai ter muito filósofo do direito morrendo com o meu reducionismo) é respeitar os direitos e garantias fundamentais do acusado que incluem procedimento legal, aplicação das leis vigentes ao tempo do fato, garantia de defesa, entre outras coisas.

Julgado o caso e condenado o meliante, a bola vai para o juiz da execução penal que irá determinar e supervisionar o cumprimento da pena nos moldes da sentença que condenou.

Condenado o réu e determinada a execução da pena, o criminoso irá para o estabelecimento prisional determinado pelo Juiz e lá terá que cumprir uma pena que terá a difícil tarefa de representar uma punição e, ao mesmo tempo, uma tentativa de recuperação do preso.

Dito isso, passamos analisar como todo esse sistema anda a beira da falência, usando em especial o caso do Estado do Ceará.

Policia Militar: combater o crime não é uma atividade nada fácil. Até o Batman se ferra algumas vezes, o que dizer dos nossos policiais. Porém, tudo fica mais difícil com o descaso das autoridades com a PM.  Segundo a ONU, a proporção ideal é de um policial para 250 habitantes. No nosso Ceará, esse número é 1 para 565 pessoas, o que representa o terceiro menor efetivo policialdo país. Soma-se a isso a insatisfação dos policiais com a forma que sua carreira é tratada pelo Governo do Estado, que culminou numa greve histórica gerando o dia mais tenso da história recente da nossa cidade (3 de janeiro de 2012 dá medo até agora). Adicionamos ainda o fato do uso da inteligência ainda ser bem precário dentro da secretaria de segurança pública, colocando reforço policial longe das regiões mais violentas (na verdade é até estranho falar de reforço quando o contingente geral é menor do que o necessário). Mas não acaba por ai, temos o caso de pessoas com ficha suja e que sequer fizeram o concurso para o Ronda entrando na corporação graças a uma absurda liminar dada por um juiz desta capital.

Polícia Civil: poucos policiais + estrutura precária (embora tenha melhorado) + muitos caso = trabalho mal feito. Cansei de ver inquérito policial mal feito, com erros de português, articulação ilógica dos fatos, provas dúbias e etc. Investigação mal feita é um passo pra impunidade. Não basta o policial saber que o cara é malaca, tem que ter prova pra condenar.

Ministério Público: poucos promotores, algumas cidades sequer possuem. Ainda temos o fato de eles serem abarrotados de processos, em quantidades quase irreais, além de serem um dos alvos favoritos de criminosos e políticos. O MP luta, mas a batalha sofrida. Com tanta precariedade, fica difícil dar a agilidade necessária para que a sensação de impunidade não impere.

Poder judiciário: aqui temos o que julga e o que determina a execução da pena. Segundo a OAB Ceará, 77 cidades no nosso estado estão sem juízes. São cidades com processo parado porque não tem ninguém pra julgar. Aqui em Fortaleza, as varas são abarrotadas de processos e um julgamento chega até cinco anos. Tudo isso gera um tramite ineficiente e com grandes chances de dar em pizza, pois, muitas vezes as provas não são concludentes, e a demora pode gerar até mesmo a prescrição. Além disso, quanto pior o serviço for feito, mas chance de dar brecha a recursos e assim demorar ainda mais. Passada condenação, temos o trabalho do juiz de execução penal, também conhecido como o pior trabalho do judiciário cearense. Até ano passado era uma única vara com juiz titular e outro substituto para dar de conta de todas as execuções penais do estado. Caramba, isso é impensável. Hoje o número é de três varas e a coisa ainda continua ruim. O mais engraçado é que se apoia a redução da maioridade penal, mas mesmo assim houve um corte de verbas de mais de 100 milhões de reais no Judiciário Cearense.

Como é possível fazer justiça assim? Por acaso é a lei que manda o judiciário ser precário? Sai pra lá governantes. Na avaliação do CNJ, a gestão do judiciário no nosso estado é muito ruim. 

Estabelecimento prisional: temos aqui a pérola da nossa segurança pública. É caro pra caramba, não consegue ressocializar quase ninguém, saindo muitas vezes pior, deixando todo mundo insatisfeito: presos, governantes e sociedade.

Ainda podemos somar a tudo que foi dito dois problemas graves no serviço público brasileiro: descaso e corrupção. São duas chagas que minam ainda mais a prestação do serviço público de segurança e faz imperar ainda com mais força a impunidade e a descrença no poder público.

Logo, vendo esse quadro lamentável da segurança pública, não dá pra acreditar que mudar a maioridade penal vá mudar tudo, como muita gente acredita de forma mágica. A polícia continuará precária, o MP sem estrutura, o Judiciário lento e as prisões sucateadas. É praticamente impossível chegar perto da noção de justiça com esse retrato da nossa segurança.

Pra mim, a população defender a redução da maioridade penal apesar do que foi dito não é um absurdo. Ela está com medo e acuada, além de um rancor muito grande. O problema são os responsáveis pela nossa segurança pegarem carona nesse discurso e desviarem o foco das suas responsabilidades. Não adianta a lei prever punições se o estado não tem a capacidade de punir.

O debate não acaba aqui. Não se encerra nas linhas acima. Muita água ainda vai rolar. Nos resta observar e não cair em discursos falsos e populistas, que fingem estar trabalhando seriamente na solução desses problemas.