quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A magia da banda Rush


Dando continuidade ao que escrevi no poste passado, é chegado a hora de escrever sobre o momento crucial da viagem, do momento que fizeram três jovens nordestinos se deslocar mais de 2000 km. O show da banda rush ou como também seria apropriado chamar: espetáculo de mágica do Rush.

Oito anos após o Rush in Rio, nós tínhamos a chance de estar presente no reencontro da lendária banda com o público carioca, mas parecia que o destino iria trabalhar pra tornar esse reencontro mais desafiador. A cidade era a mesma, mas as circunstâncias não. Sai o gigante Maracanã e entra a Apoteose. Saem os ingressos de 120 reais a inteira e entram os ingressos 500 da pista Premium. Saem os aplausos frenéticos do público e surgem as milhares câmeras digitais. Muita coisa mudou e, principalmente, o público. Este, já acostumado com tantas atrações internacionais, não é mais tão fanático e mais bate foto do que canta. Além do mais, se antes as atrações eram mensais e os shows caiam dentro orçamento, hoje elas são aos montes. Somente no fds em que estivemos no Rio, tocaram Bon Jovi, Dave Matthews Band e The Cranberries, além do SWU de São Paulo.
Mas nem tudo mudou e entre as coisas que ainda permanecem está a capacidade da banda de dá um verdadeiro espetáculo de deixar muitos fãs de queixo caído.  Mas o que eu ainda não sabia era como a banda podia trazer um espetáculo beirando ao surreal, não apenas no que tange a talento musical, mas quanto ao desenvolvimento de uma temática para o show.


Eu, de certa forma, mudei tb. Não procurei absorver tudo o que teria no show antes da apresentação, como fiz no show do Iron Maiden , onde já tinha visto vídeos e o set list. Para o show do Rush não decorei o set list e me deixei ser surpreendido pelo show e digo: vale a pena.
Em sua “Time Machine Tour”, a banda trabalha com o conceito do steampunk, um movimento cultural baseado na nostalgia em que as pessoas utilizam objetos antigos como vitrolas, por exemplo. Na construção do palco temos objetos que nos remetem ao passado e outros ao futuro, como ao enorme estrutura de iluminação que foi considerada pela crítica carioca como o melhor espetáculo de luz trazido por uma banda nos últimos tempos. No set list, temos músicas que representam o passado, outras o presente (Snake and Arrows) e algumas o futuro como as duas músicas do álbum que ainda está em composição (Clockwork Angels).
O show começou pontualmente às 20 horas, abrindo ao melhor jeito star wars, com um vídeo  (simples, porém divertido) com aqueles letreiros subindo introduzindo a história do show. Nela temos um inventor maluco e comilão que é o principal e o mais chato cliente da lanchonete do personagem de Geddy Lee. Lá tb está um caladão guarda que fica apenas botando lenha na fogueira (Peart). No ambiente, está tocando um grupo chamado Rash (com “a” mesmo), onde apenas esse inventor maluco gosta. Insatisfeito com a música ambiente (que na verdade é uma versão legalzuda de uma música da banda) e a fim de cutucar o seu chato cliente, o barman (Lee) desafia o mesmo a testar uma máquina há muito tempo pegando poeira na lanchonete, uma pretensa maquina do tempo capaz de desvendar o talento musical de todas as épocas. Eis que aceito o desafio, o cliente chato testa a máquina duas vezes e as coisas melhoraram, mas não satisfazem o barman. Até que o maluco inventor decide apertar apenas mais uma vez e avisa, com os telões focados em seu rosto, que não toquem nesse botão. Após mais uma chance, o bar começa a tremer, o palco começa piscar com uma iluminação frenética e então finalmente começa Spirit of Radio, levando a galera ao delírio com sua marcante introdução e uma letra bem divertida de cantar.

O público querendo fazer jus a sua fama conquistada canta e pula acompanhando a banda. Ver a banda de perto dá aquela sensação incrível de que algo intenso está para acontecer. Lee tem o público sob seu domínio desde o começo e Lifeson faz questão de tocar olhando nos olhos dos fãs mais próximos. Ao fundo, nada mais nada menos do que Neil Peart em volta de sua belíssima bateria, tocando com uma concentração inspiradora. Logo após Spirit, vem duas músicas muito bonitas: Time Stand Still e Presto. Na primeira, um verso que resume o show freeze this moment a little bit longer, make each sensation a little bit stronger. E em Presto, uma lúdica canção sobre poder mudar as coisas com um passe de mágica, nós vemos a banda nos tocar com a sua mágica e única musicalidade. O belíssimo palco completa as belas canções.

Stick Out e Workin Them Angels tornam as coisas mais um pouco mais pesadas e nos mostram o estilo da banda em seus últimos álbuns. Em Leave That Thing Alone, a primeira instrumental, somos brindados com sua bela melodia, e seu fim improvisado conta com um monstruoso solo de Lee arrancando aplausos e reverências do público. Ao fundo, Peart despeja movimentos certeiros e variados, mostrando que seu kit é altamente funcional, não apenas questão de ego.


Falando sobre Lee, o mesmo pode até não ser o melhor baixista do rock, mas com certeza é o mais confiante e sola com vontade e desenvoltura como se empenhasse uma guitarra em suas mãos. Além de todas as qualidades, o músico ignora sua gripe e se dedica inteiramente ao show.

Em seguida, a banda toca a Faithless, emocionando com a sua bela letra. O peso vota com BU2B, do novo álbum, nesse momento o palco parece entrar em erupção com tantos efeitos de luzes, vapores e chamas. Uma música de muito punch. Depois, para o delírio dos mais fanáticos, freewill que foi cantada com um verdadeiro hino por parte do público, tendo destaque a parte do solo em que todos os músicos praticamente solam simultaneamente. Em seguida vem a melódica Marathon, uma das minhas favoritas, e Subdivision muito querida pelos fãs, principalmente por sua letra reflexiva e seu jeito bem diferente. Eis que é encerrada a primeira parte do show. 


A segunda parte começa com mais um vídeo. Nessa parte, o cientista, que agora é produtor musical, começa a colher os frutos da sua banda após o sucesso da máquina na última tentativa do primeiro vídeo, mas esse acaba esbarrando em outro personagem de Lee, um diretor francês fresquinho que é odiado por todos. Após um bate-boca, o inventor decide tomar as rédeas da gravação do clipe e ao contar de um a três, é iniciada Tom Sawyer, cantada histericamente pelas pessoas ao meu redor. Aliais, nesse momento o público vai mergulhando cada vez mais de cabeça no show com músicas como Red Barcheta, Vital Signs e Witch Hunt ( nessa o show vira espetáculo, sonoridade diferente, iluminação perfeita e os xilofones de Niel hehe). Em Limelight rolou muita emoção. Agora vale abrir um parágrafo para duas músicas em especial: YYZ e Camera Eye.

A primeira é um clássico adorado por todos, talvez a instrumental de rock mais famosa já composta e cantá-la a plenos pulmões até eles cansarem e ver que a galera tá gritando mais alto do que a banda em alguns momentos é incrível. Em Camera Eye, temos uma canção em que a banda dá show. A guitarra é inspiradíssima, assim como vocal, e o trabalho de bateria é soberbo.



Ainda temos a intricada Caravan, que vai sair no próximo álbum, e que ficou bem melhor do que na versão apresentada no site. Após ela, vem Love 4 Sale, que está mais para uma música do que para um solo, já que Peart faz um belo arranjo usando os mais variados recursos, bateria acústica, bateria eletrônica e técnicas. O solo é tradicionalmente encerrado com um jazz, estilo que Niel tanta aprecia. Vale ressaltar a admiração dos presentes por esse músico, é festival de puta que pariu, caralho e porra ou qualquer coisa que o brasileiro use pra mostrar admiração. O público acompanhava com palmas e até uma breve chuva veio admirar esse homem. E o cara merece: toca muito e ainda tá enfrentando uma infecção no ouvido adquirida nos últimos shows da parte americana da turnê.
Após o solo de bateria, entra Lifeson e com um violão de doze cordas, o músico encanta um público com uma introdução para close to the heart usado belas harmonias. A propósito, esse clássico é recheado de várias improvisações que deram outra cara para a música.
Após essa canção, todas as luzes se apagam, e projeções parecidas com o espaço sideral aparecem no telão. Um barulho futurístico é escutado e eis que começa a overture de 2112. Nessa hora eu gritei: é verdaaaade, isso é um show do rush porra.  A galera se esgoelou nessa nação e cantou com toda força.
Quando eu arreguei, sou pegue de surpresa com Far Cry, uma das minhas favoritas e fui levado à exaustão com ela. É incrível notar como a medida que o show vai passando, Peart vai descendo a porrada na bateria, sem dó, fazendo com o que o kit chegue a tremer. É muito foda hehe. 


Após essas canções, a banda se despede para depois voltar (tanta criatividade na banda poderia excluir essa já batida estratégia). E nessa volta é o momento Alex Lifeson. O mesmo é o primeiro a aparecer, correndo  de um lado para o outro arremessando presentes para o público. Depois vem Lee e começa La Villa Strangiato de uma forma diferente, no teclado, depois acompanhado pela banda. Nesse momento baixista e guitarrista vão de um lado ao outro e no meio da música, um fã joga a camisa da seleção e Alex pega a bandeira sem errar a música (what a motherfucker!!!). E em seguida vem Working Man e começa com o Reaggea e termina com o velhor Hard Rock. Nesse momento, Lifeson, de 57 anos, sola como se fosse um garoto de 18, fechando os olhos, sentindo cada nota de um solo veloz. Realmente inspirador que me fez perder ainda mais o medo de envelhecer.

Ao fim do show, mais um vídeo, agora com a participação dos atores do filme Eu Te Amo, Cara, onde os personagens invadem o camarim da banda. Eu não assisti ao filme, mas me disseram que a cena foi tirada do filme.

E assim se encerrou um dos momentos mais especiais da minha vida. Sai do show totalmente entorpecido pela apresentação e sempre guardarei no meu coração.


Obs: no show tinha gente da Argentina, Veneluzea, Paraguai. Senti-me na ONU.
Obs: Na espera do show, o Kássio conheceu dois caras do Rio Grande do Norte e uma carioca filha de cearenses. Coincidência não.

Obs3: O show foi super organizado. Um público muito tranqüilo, que em nenhum momento teve empurra-empurra e que contou com amplas saídas para evacuar a galera. Um 10 minutos já tinhamos alcançado a rua. Assim como no show do Scorpions onde já tivemos exemplo de sucesso, ficou claro como falhou a produção de Recife no show do Maiden.

Video-Intro
The Spirit Of Radio
Time Stand Still
Presto
Stick It Out
Workin’ Them Angels
Leave That Thing Alone
Faithless
BU2B
Freewill
Marathon
Subdivisions

Video2
Tom Sawyer
Red Barchetta
YYZ
Limelight
The Camera Eye
Witch Hunt
Vital Signs
Caravan
Love 4 Sale (Solo)
Closer To The Heart
2112: I. Overture II. Temple of Synrix
Far Cry
La Villa Strangiato
Working Man

Video3

2 comentários:

Guilherme Gomes disse...

O show foi realmente fantástico... eu estava lá a cinco passos do palco. inesquecível.

Sobre o video do final do show, eu vi o filme e essa cena não existe lá. Foi feita especialmente para o show. Tudo muito bom.

Rafael(K) disse...

Ahhh!! ahuaha

cara, to emocionado aqui so de ler cara!!!

Que coisa massa ma!!! Só consigo falar, é o Rush!!! huahuhuaha....