domingo, 28 de outubro de 2012

Algumas informações sobre as eleições de 2012

O processo eleitoral não se restringe ao dia das votações. Tudo começa com as convenções partidárias que definem seus candidatos, lá por junho, e vai até os momentos da diplomação e posse do cargo, em dezembro e janeiro respectivamente. Porém, não há como negar que é o dia da votação que define a cara desse período e determina os mandatários dos cargos políticos pelos próximos quatro anos.

Passado esse dia, podemos analisar alguns números e fazer algumas interpretações. As informações foram obtidas em sites como Uol, G1, TSE e Google Politcs and Elections. Pude notar q os sites apresentaram uma pequena variação e imprecisão nos números, mas nada q comprometa a visão geral q pretendemos aqui.

I. Quais foram os partidos que mais elegeram?

1. PMDB: 1024 (1207 em 2008)
2. PSDB: 705 (788 em 2008)
3. PT: 636 (558 em 2008)
4. PSD: 490 (fundado em 2011)
5. PP: 469 (557 em 2008)
6. PSB: 439 (314 em 2008)
7. PDT: 309 (343 em 2008)
8. PTB: 292 (415 em 2008)
9. PR: 278 (382 em 2008)
10. DEM: 274 (501 em 2008)

Comentário:

Partidos tradicionais como PMDB, PSDB e Democratas tiveram uma leve queda em prefeituras. Ao todo foram 22 partidos conseguindo eleger seus candidatos, entre eles o Psol q elegeu dois candidatos (menor número dentre os partidos q conseguiram eleger). O PSB, partido de Roberto Cláudio, e o PSD, partido fundado ano passado pelo prefeito de SP, conseguiram marcas impressioantes. Já o PT teve um crescimento, apesar do julgamento do mensalão ocorrer ao mesmo tempo que as eleições.

Outro comentário é que os partidos que compõe a base de governo federal (PMDB, PCdoB, PSB, PP, PRB, PDT e PR), conseguiram 3.259 prefeituras, quase 60% dos municípios do país. Uma marca ainda expressiva.

II. Quais foram os partidos que dominaram as capitais? (entre parenteses o número de prefeituras em 2008)

1. PSB: 5 (3);
2. PT: 4 (6); PSDB: 4 (4);
3. PDT: 3 (1);
4. PMDB: 2 (6); PP:  2 (1); Democratas 2 (1)
5. Com apenas uma prefeitura: PPS (0), PSD (0), PTC(0), PSOL (0)

Comentário:

Aqui temos algumas coisas curiosas.

Primeiro a confirmação do crescimento do PSB, que fez 5 capitais, entre elas Fortaleza, Recife e Belo Horizonte. O partido deve se manter aliado ao PT no governo federal, mas provavelmente vai pressionar por mais força dentro do governo (Mais ministérios e recursos para fazer vcs sabem o q);

Em segundo, posso destacar o PMDB que perdeu muito espaço nas capitais, embora ainda seja dominante no total de municípios.

Em terceiro o PT, q perdeu o total de prefeituras, mas ganhou SP, tradicional reduto do PSDB;

Em quarto, e mais curioso, eu destaco o fato de que todas as capitais que  o PSDB conseguiu foram no norte e nordeste. Isso me chamou mta atenção devido ao fato das ofensas proferidas pelos partidários do PSDB (nem todos, mas alguns) contra os eleitores do Norte e NE por causa da vitória de Dilma nessas regiões nas eleições de 2010.

Por fim, os governos da base aliada do governo federal fizeram 16 capitais.

III. Quem mais elegeu no Ceará?

PSB: 40
PT: 30
PSD: 27
PMDB: 21
PRB: 16
PDT: 8
PSDB: 8

O que dizer? Amplo domínio do PSB e a consagração da força política dos Ferreira Gomes. Além do governo do estado, levaram 40 prefeituras, entre elas Fortaleza. Partidos como PT e PMDB tb são da base aliada do governador e levaram juntos 51 prefeituras. Lembrando, PT e PSB são aliados a nível estadual e nacional, logo a renovação proposta por algumas candidaturas é apenas de fachada.

IV. O futuro prefeito conseguiu eleger a maioria na câmara?

Bem, a candidatura vencedora era formada pelos seguintes partidos PRB / PP / PTB / PMDB / PSL / PSDC / PHS / PMN / PTC / PSB / PRP / PSD / PT do B. Achou muito? Pois é. São 13 partidos e agora será um Deus nos acuda pra fatiar cargos e secretarias nas mãos de todos. O problema é que essa coligação só conseguiu eleger 12 vereadores de um total de 43 vagas, ou seja, novos partidos terão entrar na partilha para que o executivo consiga a maioria no legislativo.


Concluindo, esse é quadro geral das nossas eleições (com muita redução, admito), mas espero ter ajudado a esclarecer algumas informações para aqueles que quererm visualizar essas movimentações políticas com maior conhecimento e, consequentemente, saber se portar melhor diante delas.

Tudo se divide, todos se separam

Quem me conhece facilmente pode identificar que eu curto bastante Engenheiros do Hawaii, e esse trecho de uma música que escolhi para ser titulo deste post, é algo que vem se repetindo em minha mente várias vezes recentemente.

Hoje nós temos o resultado do segundo turno das eleições para prefeito em Fortaleza. Já há algum tempo vinhamos vendo uma grande rejeição ao governo dos dois candidatos. Mas não é esse o ponto que me chamou atenção aqui. Foi o ataque direcionado aos eleitores de um aos eleitores do outro. Coisas do tipo "Tu é muito idiota de votar em tal candidato" ou "Só pode ser muito burro mesmo esse povo, é pra se lascar mesmo".
Outro caso recente que tem relevância para esse post, foi engatilhado a partir do apagão em vários estados do nordeste na última semana. Não pela primeira vez ocorreram vários comentários pejorativos de pessoas de outras regiões direcionado aos nordestinos e a própria região em si. Alguns comentários chegaram a um ponto bastante depreciativo. Em resposta, temos comentários de nordestinos do tipo "Quando tiver desabamento por ae, quero ver se vocês não ver querer ajuda da gente".

Já deve ter ficado claro que o assunto que estou matutando aqui é que, ao que tem me parecido, estamos sempre procurando meios de nos separar. Partido A e Partido B, Nordeste e Sudeste, Brasil e Argentina, branco e negro, capital e interior, ocidente e oriente, norte e sul.... não me refiro a discordar, o que vejo não só como esperado, como também produtivo. O questão é que passamos a nutrir uma aversão ao indivíduo que pertence ao outro grupo, não as idéias deste.

E será para que toda essa divisão? Acredito que podemos ser mais fortes, mais produtivos, estando em união. Que se em vez de procurarmos derrubar alguém que está do lado oposto de uma situação, procurarmos a forma de achar uma evolução da situação. 

Mais uma vez, no texto que faço, procuro que traga discussões que possam desenvolver a forma de ver a situação. Por isso peço, questionem e discutam comigo.


"Que a chuva caia
Como uma luva
Um dilúvio, um delírio
Que a chuva traga
Alívio imediato"

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Resumo do primeiro turno - eleições 2012


No próximo domingo, dia 07 de outubro, os cidadãos de  5.565 municípios de todo o Brasil elegerão seus representantes para os cargos de prefeito e vereador. Apesar das inúmeras frustrações que o tema política me desperta, eu não consigo me manter plenamente afastado do assunto, sempre me chamando a atenção. É por essa motivação que eu venho até o nosso blog para escrever sobre as eleições municipais de Fortaleza.

Meu primeiro desafio foi escolher uma abordagem que possibilitasse um texto mais imparcial possível, tendo a consciência que a imparcialidade plena é improvável, uma vez que nossa maneira de ver a política é influenciada por vários fatores. Em face disso, eu resolvi escrever um resumo sobre as campanhas de cada candidato e quais dificuldades elas tiveram que enfrentar e se elas foram superadas. Analisar as campanhas e não as qualidades de cada candidato confere, a meu ver, uma maior objetividade para o texto, embora, confesso, não seja a abordagem ideal.

Pois aqui vamos nós:

André Ramos (PPL): mais novo candidato a prefeito destas eleições, a sua candidatura teve um claro objetivo: divulgar o ainda recente Partido da Pátria Livre. Devido ao pouco tempo de exposição, o partido continuará desconhecido para a maioria dos fortalezenses.

Elmano de Freitas (PT): candidato do partido que governa Fortaleza desde 2004, a primeira missão da campanha de Elmano foi apresentá-lo ao grande público, pois ainda era um ilustre desconhecido. Não a toa, no princípio da campanha ele insistiu em dar relatos da sua carreira como advogado e como integrante do Orçamento Participativo. O mais interessante é que o candidato andou pisando na bola nessa apresentação ao público, mas seus concorrentes não prestaram muita atenção. Primeiro, ele alegou ter atuado nos tribunais superiores, mas nenhum registro dele foi encontrado por lá. Segundo, o orçamento participativo de Fortaleza é responsável por uma parcela bem diminuta do orçamento geral da cidade, o que, ao contrário do que o Lula dizia, é pouca coisa. Após isso, a propaganda colou o candidato na figura do ex-presidente Lula, fazendo-o decolar nas pesquisas. Nos debates mostrou-se bem morno, apenas se esquivando das críticas. Ainda cometeu um erro numa entrevista ao dar nota 10 para atual administração, ao mesmo passo que dá nota 7 para a educação (será q uma adm. pode ser perfeita com uma educação mais ou menos?)  Ou seja, Elmano lidera as eleições com base numa figura populista do ex-presidente e numa campanha milionária, tendo passado de 3% para 23% nas pesquisas de intenção de votos, contando o período pré, durante e pós propaganda eleitoral.

Prêmio de melhor esquiva política vai para ele rsrs.

Francisco Gonzaga (PSTU): Pela primeira vez vi uma campanha do PSTU tentando ser simpática. Deixou-se de lado o bordão contra burguês vote 16 ou abaixo a ALCA e o FMI, para, finalmente, falar sobre a nossa cidade. Apesar de ser uma campanha que vai para lugar nenhum, eles deixaram bem claro seu objetivo: representam o proletário, em especial o da construção civil, e acreditam na força dessa categoria para eleger ao menos um vereador para dar voz à essa parcela da população.

Heitor Ferrer (PDT): principal opositor do governo do estado na assembleia, atuando com muito rigor na fiscalização da administração de Cid Gomes, Heitor Ferrer chegou conhecido do grande público, porém tinha uma clara dificuldade: como superar as campanhas milionárias e os padrinhos de Elmano e Roberto Claudio? Para isso, ele apostou muito no discurso da independência. Ele galgou algum êxito nas pesquisas, mas nada que empolgasse muito. Apesar disso, é um nome que pode surpreender no dia 7. Fora isso ele leva o prêmio de pessoa mais apaixonada pelo próprio bordão.

Inácio Arruda (PCdoB): Nome forte, o atual senador é bem conhecido por parte do eleitorado, mas o que faltou pra ele? Não ter conseguido aliar a sua imagem ao governo de Lula e Dilma deve ter esfriado a sua campanha, soma-se a isso a incapacidade econômica de concorrer com as campanhas de Elmano e Roberto Claudio e ao pouco carisma do candidato. Tudo isso misturado foi decisivo para derrubar o candidato em cada pesquisa que sucedeu. Mais uma prova de que no dia do voto, mais vale a propaganda eleitoral do que a história do candidato.

Porém, posso ressaltar mais um ponto: qual o público que o PCdoB consegue atrair? A juventude e os estudantes estão com Roseno. Os eleitores de Lula com o Elmano. Os conservadores vão preferir outros candidatos. E aí, o que sobra pra ele?

Marcos Cals (PSDB): o candidato teve dinheiro pra gastar na campanha, mas faltou carisma e algum nome que pudesse alavancar a sua campanha. Tasso Jereissati? Pediu votos em sobral, mas não pediu aqui. Algum nome nacional que pudesse chamar a atenção para a candidatura? Também não. Soma-se a isso o pouco tempo de televisão. Pois é, o uma vez dominante PSDB é um partido em crise, não possuindo nomes carismáticos e vendo sua influência diminuir cada vez mais.

Prêmio Steve Jobs para graças aos milhares de tablets prometidos.

Moroni Torgan (DEM): sem dúvida o candidato que era mais conhecido antes da campanha eleitoral, tanto para o bem como para o mal. Para o bem porque o candidato possuía um eleitorado fiel, que tem afinidade com seu discurso tradicional e conservador (Família, Segurança, Saúde, Segurança, Educação, Segurança, Religião e Segurança). Não quero dizer que sejam assuntos sem importância, mas é que o candidato pouco aprofundava e era o rei do discurso genérico. Para o mal porque trazia além de um bom eleitorado, um alto índice de rejeição, o qual não conseguiu reverter nessas eleições e que, ainda que vá para o segundo turno, não deve lograr êxito.

Prêmio de Melhor Desempenho Stand Up nos debates. Sua postura caricata no começo dava raiva, mas depois ficou cômica.

Renato Roseno (Psol): tem uma clara base eleitoral baseada nos jovens, nos estudantes e nas minorias. Porém, o candidato não conseguiu se desvencilhar de muitos rótulos que colocaram durantes as eleições como a polêmica sobre a copa, sobre o aborto, sobre a provável falta de base de apoio no poder legislativo. Sua candidatura ainda sofreu, acredite, por ser apoiada por estudantes, sendo rotulada como candidatura de jovens que não tem nada para fazer e de discurso demagogo.

Roberto Claudio (PSB): a campanha teve como padrinho o atual governador Cid Gomes, que conseguiu puxar os votos daquele que aprovam a sua candidatura. Além disso, gastou muito, mas muito dinheiro, para divulgar seu nome. Apresentadores de Tv e cantores de forró já apareceram pedindo seu voto. O carisma não é grande, mas o patrocínio sim, e aqui isso conta muito. Por conta do incidente dos professores no ano passado, insistiu muito na tecla de é filho e neto de professores.

Professor Valdeci: o partido já não é tão novo e ainda se recusa a fazer aliança. Além disso faz uma campanha sem sal. Não dá nem pra comentar muito.
   

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Theater of Salvation no Mocó Studio



Aeee galera, olha só: Dia 06/10, essa nossa banda que vos fala, nascida sob o som do martelo de Thor e com direito a um aperto de mão de Odin, estará tocando no Mocó Studio, a partir das 18h.

Estaremos juntos com outras tremendonas da nossa cidade, ninguém menos que: Radix HC, Chicones, Síntese, Marte Ataca, Same Old Shit e Hate Inside!


Perguntou o guerreiro:
-"Mas ae, grande guerreiro, onde fica o Mocó Studio? Ainda falta tanto para a grande noite, pq vc já está no conclamando? E o mais importante, devo levar meu barril de Hidromel?"

Eis que respondemos:
-Cavalgador de Valkirias, responderei suas preciosas ingagações. O Mocó Stúdio fica na Rua José Avelino, próximo ao local onde descansa o nosso sempre lembrado Hey Ho Rock Bar.

-O por que de lhe avisar com tanta antecedência? Meu caro, desejo que você possa se preparar para estar lá com todo preparo. Lustrem suas armaduras, cavaleiros. Damas, preparem-se para a grande reunião. Todos celebraremos!

-Quanto ao Hidromel, pode deixar em casa meu caro, e conheça as maravilhosas bebidas desta nova era.

E lá foi o guerreiro feliz para seu lar, mantendo acesa em seu coração, a chama que se ascendeu pelas notícias que ele acabava de receber.

E não esqueçam, haverá sorteio de um Brazuca. Pode ser você meu caro, a ganhar este espólio!


Podem ir escutando e vendo a gente nos links abaixo:

http://soundcloud.com/theaterofsalvation
http://www.youtube.com/user/TheaterOfSalvationCE
http://www.facebook.com/theaterofsalvation
http://tnb.art.br/rede/theaterofsalvation


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Qual era mesmo a razão?

Aquele cara é um atleta. Eu não sei de onde ele veio, como foi sua infância, se seus pais se separam, se ele presenciou algo traumático. Talvez tenha tido uma ótima infância, feliz e saudável. Acho que ouvi em algum programa esportivo que ele veio de uma família muito pobre. Não assisti a matéria, o repórter fazia uma cara de choro enquanto ao fundo tocavam um música triste. Muito "Freud Flintstone", não rola.

Esse cara é o herói do país dele. As pessoas falam com orgulho dele. " Representa a gente lá!!". "Esse rapaz é cara do nosso país, demonstra a força do nosso povo" diz o narrador. E todos o adoram. E ele chora quando vê a bandeira levantar e hino tocar. Uma medalha no pescoço. 

Mas isso já faz algum tempo. Quatro anos pra ser exato. Estamos em uma nova competição. O mundo novamente para por ele. Espera a medalha, que não vem. Não foi sem luta, mas não vem. Mas opa opa, pulamos uma parte não foi? Reparou ? Quatro anos pra ser exato, onde estava esse cara durante os quatro anos após a conquista? Bem, eu não sei... na verdade, muita gente não sabe. A gente nunca mais ouviu falar do cara. Cheguei a ver uma matéria curta em jornal pela net do treinador do cara. Ele falava que estava bastante complicado pra manter um nível competitivo, por que não havia apoio ao esporte.  Mas desculpem-me, estou indo em outra direção.

Aquele cara, o atleta, que treinou arduamente durante muito tempo. Que é o mesmo cara que ganhou a medalha do mais alto posto em seu esporte. Que permaneceu a treinar, continuando enfrentando dificuldades (mas que sejamos sinceros, todos nós paralelamente enfrentávamos as nossas). O cara que após algum tempo, não conseguiu atingir o nível que gostaria e que se esperava dele. O mesmo cara que fez burradas na vida, que foram parar na imprensa. Também é o mesmo cara que após a derrota, após aquele povo por trás da bandeira que o fez chorar, esqueceu dele, é o mesmo cara que continuou a treinar e lutar. Não sei o que vai ser depois, mas ele está la treinando. Em cerca de duas semanas começa outro campeonato. Ele vai estar lá. Por que?

Cai na tentação de responder que ele ia por inércia, mas me surpreendi ao saber que esse cara tem outras atividades e meios de sustento. Ele escolheu continuar. Lembro que o narrador disse, antes, que ele lutava para mostrar a garra do nosso país. Para nos representar, para levantar aquela bandeira. E agora, continua valendo? O País nem sabe que ele existe mais. Então, alguém me diga, por que ele ta fazendo isso? Por que ele continua? Será o ego de provar que é melhor? Será que existe algo que lhe mova? Ou será alguém? 

Não sei.... mas ao meu olhar distante, ele ma pareceu bastante satisfeito consigo mesmo enquanto fazia o que treinou para fazer...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Jon Lord

O dia 16 de julho de 2012 foi um dia triste para música. Jon Lord, o lendário tecladista do Deep Purple, faleceu aos 71 anos.

Lord não foi apenas mais um músico na história do rock, mas sim um dos seus expoentes de maior talento. Sua contribuições para o estilo formam um legado que nunca será apagado.

Membro fundador do Deep Purle, Lord, ajudou a aproximar o rock da música clássica e erudita. Não que composições mais simples estivessem descartadas ou desmerecidas, mas é que o Rock podia fazer algo mais e eles ajudaram a provar isso.

O seu teclado venenoso e com sonoridade pesada era algo que ninguém até então tinha visto no rock. O toque furioso, porém plenamente consciente, formavam com Blackmore uma dupla incontrolável, dinâmica e espetacular. Tanto nos albuns de estúdio como ao vivo é possível escutar os instrumentos desses dois músicos duelando e se complementando de maneira precisa. Vc gosta dos duelos de solos e melodias de guitarra de bandas como Iron Maiden e Helloween? Pois saiba que a raiz disso encontra-se nos duelos de lord e blackmore.

Além da virtuose como tecladista, Lord é exímio compositor. Sua principal composição foi responsável por romper uma das barreiras mais improváveis do rock. Em 1969, o Deep Purple se juntava com a Royal Phlimarmonic Orchestra para executar a histórica obra concerto for group and orchestra. Pra mensurar o feito temos que entender o contexto da obra:

1 - O deep purple era uma banda com apenas dois anos de existência, uma banda ainda pequena para os padrões que ela alcançou nos anos seguintes;

2 - Concerto for group and orchestra foi a primeira tentativa séria de juntar os gênero clássico e rock. Tudo isso na então conservadora Inglaterra dos anos 60, que desmerecia muito, dentro os círculos mais cultos da música, os talentos da cena rock;

3 - Concerto não foi apenas uma adaptação de músicas da banda no formato com  orquestra, mas ela foi concebida para ser executada no formato rock + música clássica, possuindo toda uma estrutura de composição clássica.

Hoje, depois de termos visto inúmeras fusões entre o rock e a música clássica, tal feito possa parecer nada demais. Mas não devemos esquecer: foi o ato pioneiro! E como todos que buscam a inovação, eles tiveram que superar o preconceito e a desconfiança. O resultado foi maravilhoso e o rock agradeceu.

Concerto foi composta por Lord, com Letras de Gillan.

Após se retirar do Deep Purple, alegando estar velho para o ritmo das turnês, Lord continuou compondo, inclusive peças eruditas, sendo aclamado tanto pelo rock como pelos eruditos, estilos tão distintos que ele ajudou a unir.



Muito obrigado Lord.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A música dos estádios

Quem liga a televisão em alguma transmissão da Eurocopa 2012 (Polônia-Ucrânia), não vai ter que esperar muito pra ouvir um canto uníssomo vindo das arquibancadas.

A melodia é simples e mercante e vem sendo adotada por todas as torcidas, independente da nacionalidade.

A música em questão é o mais famoso single do The White Stripes, cujo nome é Seven Nation Army, que foi lançado em 2003.



A bem-sucedida "carreira" da música nos estádios teve como principal momento a Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha. Naquela época, a torcida italiana adotou a canção como o grito principal e, por uma feliz coincidência, a seleção italiana foi campeã mundial. Ou seja, tivemos que aguentar os italianos cantando a referida música incansavelmente durante todo mundial.

Não demorou muito pra música pegar nos estádios sul-americanos. No Brasil, a torcida responsável por consagrar a música foi o Internacional de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Com o tempo, a febre se espalhou por todo o país.

O mais curioso é que há torcedores que sequer sabem a origem da melodia. Simplesmente cantam e se divertem. O desconhecimento da origem da música faz com que alguns torcedores brasileiros reindiviquem a autoria da canção para a torcida do seu time, alimentando mais um debate inútil que assola as rede sociais hehe.

 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Uma vida sem overdubs

O texto abaixo é de completa autoria de Silvia Remaso .
(site : http://augustolicks.wordpress.com/ ; Data : 08/07/2011)

Nilson, Augusto Licks, Carl Palmer - baterista do 'Emerson, Lake & Palmer' e Carlos Maltz, nos camarins da Canecão quando o EML veio ao Brasil pela primeira vez
 O ex-roadie dos Engenheiros do Hawaii e baterista da banda Surfista Prateado, Nilson Batista, tem muitas histórias pra contar. Eu sempre pedia pra ele escrever alguma coisa para publicar aqui no blog, mas o tempo sempre era mais rápido do que a gente precisava que ele fosse. O tempo passava e nada de o alcançarmos. Enfim conseguimos quebrar alguma barreira invisível que impedia essa conversa e chegamos ao fim da viagem. Prontos para a próxima. Obrigada Nilson pelos 7 anos de dedicação aos ENG!!!

    No alvorecer da década de 1990 conheci uma banda que mudaria o rumo da minha vida, já que uma outra banda mudara a minha vida anos antes esta banda mudaria o meu rumo. O rumo/direção: Rio de Janeiro, a banda: Engenheiros do Hawaii.

    Cair na estrada e viver deste ofício requer muita coragem, montar uma banda é uma tarefa meio insana do ponto de vista familiar e conservador na nossa sociedade, começa como afronta e depois vira profissão, ganha pão, vira vida, ar necessidade, vício…


    Vício dos hotéis, tédio pelos vôos que atrasam, fâs por todos os lados, muitas apresentações, super exposição total. Nunca tinha visto uma banda tão comentada, tão adorada e odiada ao mesmo tempo.


    Foi nesse clima que conheci o Augustinho Licks, guitarrista da banda, e nos identificamos bastante apesar do convite de entrar na banda tenha partido do baterista Carlos Maltz.

    Eu, um típico paulistano tipo ÔrraMêu morando na cidade Maravilhosa e trabalhando com 4 gaúchos e uma equipe carioca de produtores e técnicos… muitos contrastes, risos, gargalhadas e um clima sério de que nada pode falhar, uma vez que para os padrões nacionais trabalhar com 3 roadies era e é um luxo.

    Musicalmente eu não tinha visto um guitarrista com braços de “polvo”. Só pra exemplificar: numa mesma música ele tocava uma guitarra de 12 cordas na introdução, na parte A da música ia para o violão que ficava numa estante, no refrão ia para a guitarra de 6 cordas e fazia uma cama harmônica com uma pedaleira midi, rs e uma gaitinha vez por outra, rs

    O que o Loiro maluco, no bom sentido, inventava, o Augustinho fazia com tamanha competência, digo Louco porque ele (Gessinger) também mudava os instrumentos/arranjos nas partes das músicas; começar uma música no acordeon, baixo numa parte e piano em uma outra parte era normal, rs.
     
Nilson com duas fãs de Porto Alegre: Andreia e Letícia
    E o Maltz não ficava atrás, rs. Samples, bateria eletrônica e acústica, percussão…

    Foi nessa atmosfera que nossos caminhos se cruzaram e por uns anos convivemos, anos intensos com ensaios, programas de rádio, divulgação em tv, festivais, shows em todas as capitais, shows no exterior, gravações dos discos, lojas de músicas, revistas especializadas, música e produção o tempo inteiro…

    Tudo estava indo muito bem… até que começam os problemas, pausa!!!!!!

    Mudanças!!!!!

    Sai Augustinho, entra…

    Bem deixa pra lá que é uma outra história, pois estou escrevendo sobre Augustinho que na maioria das vezes estava só em seu quarto aguardando nosso chamado para o sound check do show da noite, que era feito por etapas começando com o Augustinho, Maltz e depois o Gessinger, que pra mim era perfeito e podia fazer um som, tocar a bateria junto com o Cássio (roadie do Humberto) que tocava o contrabaixo com o Augustinho na guitarra, claro.

    Era o máximo! É sempre legal fazer um som com quem toca bem e tem bom gosto, o toque dele nos Engenheiros era refinado e trabalhado ao mesmo tempo.
    Ouvindo o disco “A revolta dos dândis” a percepção de que não tem overdubs de guitarra, me coloca frente a frente com a banda como se estivesse num ensaio na sala da casa de um dos integrantes num sábado à tarde antes de me preparar pra balada…
    Essas lembranças estão virando histórias que serão contadas pelos que viveram e viram 3 gaúchos conquistarem seu lugar na memória do rock brasileiro contra alguns mas nunca contra todos.
    As memórias se resumem na imagem dos jovens usando sempre a mesma velha calça jeans, com a foto da banda na camiseta e o bom surrado par de tênis, lutando pra pegar a palheta/troféu pequenino com uma assinatura e um número, uma recordação! Pois é, o Augustinho rabiscava o número do show na palheta.
    Pra esses fãs o mais importante era saber quando era o próximo show e onde era! O resto era por conta deles que chegavam antes da banda!!!!
    E pra gente que vive na estrada o importante é ter pra onde voltar, porque voltar e pra quem voltar!!!

    Valeu Augustinho! A vida não tem *overdubs!
    Sou Nilson Batista, pai da Manuela, baterista da banda Surfista Prateado, roadie da Mart´nália, produtor/Diretor de Palco e afins.

    pax

    abrax

    * Overdub é um recurso usado em gravações. Por exemplo: quando dois guitarristas tocam numa mesma música, uma guitarra faz um solo e a outra faz a base para o solo. Um mesmo guitarrista pode gravar o overdub para depois o engenheiro de som sobrepor as duas gravação criando um efeito. O Augusto não usava overdub. Dessa forma o som que ele fazia no estúdio era o mesmo que tocava nos palcos.