quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um conto de duas cidades

Hoje, 19 de julho, Fortaleza foi palco de um protestos que segue na onda da nossa "primavera brasileira" e o primeiro jogo da seleção brasileira no castelão durante a copa das confederações. Eu hoje estive presente nos dois, não estando no protesto até o fim, nem chegando cedo ao estádio. Gostaria de compartilhar o que vi.
Pela manhã me junto a amigos e vamos ao protesto. Para chegar no protesto, muitas pessoas a caminho, o que não significa problemas, e não houveram. Então temos a primeira reunião (pelo menos a primeira que eu vi) próximo a um dos bloqueios feitos pela polícia nos acessos ao estádio. 
Primeira reação que acho de grande relevância e aconteceu de forma bem generalizada. Haviam partidos presentes em meio aos protestantes e o coro geral era de que o movimento não pertence a nenhum partido. Sempre q vi as bandeiras partidárias levantadas, logo em seguida foram seguidas por essas mensagens dos protestantes. 
Acho essa reação relevante, pois me pareceu mostrar que, como o protesto é contra a forma de se gerir e cuidar esse país (não de hoje, mas já há muito tempo) é insatisfatória, negligente e, em não poucos casos, criminosa. Portanto, temos um movimento que levanta a bandeira, que como dizia um dos gritos repetidos nesta tarde "Povo unido não precisa de partido"

Marchamos até o bloqueio, mostramos nosso ponto de vista de que os policias são tão partes desse processo como nós. Uma forma de resistência, que achei simples, genial e que simpatizei muito, foi de simplesmente ficarem todos sentados ao tentar serem rechaçados. Demonstrando uma forma pacífica de manter sua posição.

Juntando informações do que vi e do que escutei das entrevistas divulgadas ao longo desta noite, o ponto de desvirtuamento inicial foi quando manifestantes que estavam na linha de frente avançaram contra os policiais. Fomos recuando de nossa posição através de tiros com balas de borracha e gás lacrimogêneo. E para onde eu olhava via pessoas buscando formas pacíficas de manter o protesto. Com isso não invalido a ação da polícia, pois se eles foram atacados, há de se esperar que eles procurem manter seu posicionamento (não presenciei excessos de nenhuma das partes, não que não tenham existido, mas não presenciei). Com isso não tento justificar ou procurar a razão de um ou de outro, mas ressaltar que o movimento tem um posicionamento claro e muito bonito (e no qual eu acredito).






Passando este estágio da manifestação, há apenas mais um ponto que gostaria de ressaltar (os demais momentos são de caminhadas sob o sol inclemente de Fortaleza). Após o recuo da posição de onde estava o bloqueio da polícia, o passo seguinte foi paralisar o trânsito na BR. O que foi feito de forma tranquila. E aqui se segue uma cena que acho que exemplifica bem a situação pela qual passa o movimento.
Um ônibus para, o motorista abre a porta alguns manifestantes se juntam, falam com ele, esclarecem a questão da paralisação, e a conversa termina amigavelmente. Provavelmente ele, o motorista, não queria ficar parado ali, mas o impasse foi resolvido sem atos de ofensa. 
A seguir duas pessoas procurar subir no ônibus pelas janelas e são recebidas com diversos gritos de "desce!  desce!" (o que foi feito). Logo após, três pessoas resolvem querer secar os pneus do ônibus. Um cara chega para conversar falando que aquilo não é a idéia do movimento, não é aquele o caminho, eles estariam apenas fazendo um vandalismos gratuito. A resposta do gênio é "Não é problema teu. Eu quebro o que eu quiser". Joinha pra você, champs!

A exemplificação que me refiro deste momento, é que temos um movimento de pessoas que estão indignadas, estão querendo mudanças, e estão querendo fazer isso de uma forma cívica. Existem indivíduos que desvirtuam esse movimento, e são rechaçados pelo próprio. A discussão continua..

Vamos ao outro lado deste post. O jogo.
Estamos agora do outro lado da barreira policial. Caminhamos bastante sob o nosso amigável sol, que só quer estar sempre bem perto de você. No momento quero me direcionar apenas ao momento dentro do estádio (acredito que o Harley, com um talento bem mais claro para palavras vá descrever melhor essa ida ao castelão, no momento oportuno). Eu não sou um frequentador de estádios, e a última vez que fui a um estádio era tão novo que não me resta de memórias nada além de fragmentos curtos.
Hoje posso dizer que durante o jogo, aquele momento captou minha atenção. Me fez torcer, me fez arrepiar. A experiência como torcedor junto com aquela multidão foi ótima. O estádio é de fato muito bonito e o espetáculo proporcionado também o foi. Valeu pelo show em "palco" as seleções e valeu pelo show nas arquibancadas, ao público.

Deixo por aqui esse texto. As demais impressões podem ficar germinando na cabeça até evoluírem ou serem descartadas. 


Um comentário:

Harley disse...

Muito bom o texto Kbça. Tentou ver os dois lados e teve o rigor pra comentar o que viu e evitou boatos.