(site : http://augustolicks.wordpress.com/ ; Data : 08/07/2011)
Nilson, Augusto Licks, Carl Palmer - baterista do 'Emerson,
Lake & Palmer' e Carlos Maltz, nos camarins da Canecão quando o EML veio ao
Brasil pela primeira vez
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No alvorecer da
década de 1990 conheci uma banda que mudaria o rumo da minha vida, já que uma
outra banda mudara a minha vida anos antes esta banda mudaria o meu rumo. O
rumo/direção: Rio de Janeiro, a banda: Engenheiros do Hawaii.
Cair na estrada e viver deste ofício requer muita coragem, montar uma banda é uma tarefa meio insana do ponto de vista familiar e conservador na nossa sociedade, começa como afronta e depois vira profissão, ganha pão, vira vida, ar necessidade, vício…
Vício dos hotéis, tédio pelos vôos que atrasam, fâs por todos os lados, muitas apresentações, super exposição total. Nunca tinha visto uma banda tão comentada, tão adorada e odiada ao mesmo tempo.
Foi nesse clima
que conheci o Augustinho Licks, guitarrista da banda, e nos identificamos
bastante apesar do convite de entrar na banda tenha partido do baterista Carlos
Maltz.
Eu, um típico
paulistano tipo ÔrraMêu morando na cidade Maravilhosa e trabalhando com 4
gaúchos e uma equipe carioca de produtores e técnicos… muitos contrastes,
risos, gargalhadas e um clima sério de que nada pode falhar, uma vez que para
os padrões nacionais trabalhar com 3 roadies era e é um luxo.
Musicalmente eu
não tinha visto um guitarrista com braços de “polvo”. Só pra exemplificar: numa
mesma música ele tocava uma guitarra de 12 cordas na introdução, na parte A da
música ia para o violão que ficava numa estante, no refrão ia para a guitarra
de 6 cordas e fazia uma cama harmônica com uma pedaleira midi, rs e uma
gaitinha vez por outra, rs
O que o Loiro
maluco, no bom sentido, inventava, o Augustinho fazia com tamanha competência, digo
Louco porque ele (Gessinger) também mudava os instrumentos/arranjos nas partes
das músicas; começar uma música no acordeon, baixo numa parte e piano em uma
outra parte era normal, rs.
E o Maltz não
ficava atrás, rs. Samples, bateria eletrônica e acústica, percussão…
Foi nessa
atmosfera que nossos caminhos se cruzaram e por uns anos convivemos, anos
intensos com ensaios, programas de rádio, divulgação em tv, festivais, shows em
todas as capitais, shows no exterior, gravações dos discos, lojas de músicas,
revistas especializadas, música e produção o tempo inteiro…
Tudo estava indo
muito bem… até que começam os problemas, pausa!!!!!!
Mudanças!!!!!
Sai Augustinho,
entra…
Bem deixa pra lá
que é uma outra história, pois estou escrevendo sobre Augustinho que na maioria
das vezes estava só em seu quarto aguardando nosso chamado para o sound check
do show da noite, que era feito por etapas começando com o Augustinho, Maltz e
depois o Gessinger, que pra mim era perfeito e podia fazer um som, tocar a
bateria junto com o Cássio (roadie do Humberto) que tocava o contrabaixo com o
Augustinho na guitarra, claro.
Era o máximo! É
sempre legal fazer um som com quem toca bem e tem bom gosto, o toque dele nos
Engenheiros era refinado e trabalhado ao mesmo tempo.
Ouvindo o disco “A
revolta dos dândis” a percepção de que não tem overdubs de guitarra, me coloca
frente a frente com a banda como se estivesse num ensaio na sala da casa de um
dos integrantes num sábado à tarde antes de me preparar pra balada…
Essas lembranças
estão virando histórias que serão contadas pelos que viveram e viram 3 gaúchos
conquistarem seu lugar na memória do rock brasileiro contra alguns mas nunca contra
todos.
As memórias se
resumem na imagem dos jovens usando sempre a mesma velha calça jeans, com a
foto da banda na camiseta e o bom surrado par de tênis, lutando pra pegar a
palheta/troféu pequenino com uma assinatura e um número, uma recordação! Pois
é, o Augustinho rabiscava o número do show na palheta.
Pra esses fãs o
mais importante era saber quando era o próximo show e onde era! O resto era por
conta deles que chegavam antes da banda!!!!
E pra gente que
vive na estrada o importante é ter pra onde voltar, porque voltar e pra quem
voltar!!!
Valeu Augustinho!
A vida não tem *overdubs!
Sou Nilson
Batista, pai da Manuela, baterista da banda
Surfista Prateado, roadie da
Mart´nália, produtor/Diretor
de Palco e afins.
pax
abrax
* Overdub é um
recurso usado em gravações. Por exemplo: quando dois guitarristas tocam numa
mesma música, uma guitarra faz um solo e a outra faz a base para o solo. Um
mesmo guitarrista pode gravar o overdub para depois o engenheiro de som
sobrepor as duas gravação criando um efeito. O Augusto não usava overdub. Dessa
forma o som que ele fazia no estúdio era o mesmo que tocava nos palcos.
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