No próximo domingo, dia 07 de outubro, os cidadãos de 5.565 municípios de todo o Brasil elegerão seus representantes para os cargos de prefeito e vereador. Apesar das inúmeras frustrações que o tema política me desperta, eu não consigo me manter plenamente afastado do assunto, sempre me chamando a atenção. É por essa motivação que eu venho até o nosso blog para escrever sobre as eleições municipais de Fortaleza.
Meu primeiro desafio foi escolher uma abordagem que possibilitasse um texto mais imparcial possível, tendo a consciência que a imparcialidade plena é improvável, uma vez que nossa maneira de ver a política é influenciada por vários fatores. Em face disso, eu resolvi escrever um resumo sobre as campanhas de cada candidato e quais dificuldades elas tiveram que enfrentar e se elas foram superadas. Analisar as campanhas e não as qualidades de cada candidato confere, a meu ver, uma maior objetividade para o texto, embora, confesso, não seja a abordagem ideal.
Pois aqui vamos nós:
André Ramos (PPL): mais novo candidato a prefeito destas eleições, a sua candidatura teve um claro objetivo: divulgar o ainda recente Partido da Pátria Livre. Devido ao pouco tempo de exposição, o partido continuará desconhecido para a maioria dos fortalezenses.
Elmano de Freitas (PT): candidato do partido que governa Fortaleza desde 2004, a primeira missão da campanha de Elmano foi apresentá-lo ao grande público, pois ainda era um ilustre desconhecido. Não a toa, no princípio da campanha ele insistiu em dar relatos da sua carreira como advogado e como integrante do Orçamento Participativo. O mais interessante é que o candidato andou pisando na bola nessa apresentação ao público, mas seus concorrentes não prestaram muita atenção. Primeiro, ele alegou ter atuado nos tribunais superiores, mas nenhum registro dele foi encontrado por lá. Segundo, o orçamento participativo de Fortaleza é responsável por uma parcela bem diminuta do orçamento geral da cidade, o que, ao contrário do que o Lula dizia, é pouca coisa. Após isso, a propaganda colou o candidato na figura do ex-presidente Lula, fazendo-o decolar nas pesquisas. Nos debates mostrou-se bem morno, apenas se esquivando das críticas. Ainda cometeu um erro numa entrevista ao dar nota 10 para atual administração, ao mesmo passo que dá nota 7 para a educação (será q uma adm. pode ser perfeita com uma educação mais ou menos?) Ou seja, Elmano lidera as eleições com base numa figura populista do ex-presidente e numa campanha milionária, tendo passado de 3% para 23% nas pesquisas de intenção de votos, contando o período pré, durante e pós propaganda eleitoral.
Prêmio de melhor esquiva política vai para ele rsrs.
Francisco Gonzaga (PSTU): Pela primeira vez vi uma campanha do PSTU tentando ser simpática. Deixou-se de lado o bordão contra burguês vote 16 ou abaixo a ALCA e o FMI, para, finalmente, falar sobre a nossa cidade. Apesar de ser uma campanha que vai para lugar nenhum, eles deixaram bem claro seu objetivo: representam o proletário, em especial o da construção civil, e acreditam na força dessa categoria para eleger ao menos um vereador para dar voz à essa parcela da população.
Heitor Ferrer (PDT): principal opositor do governo do estado na assembleia, atuando com muito rigor na fiscalização da administração de Cid Gomes, Heitor Ferrer chegou conhecido do grande público, porém tinha uma clara dificuldade: como superar as campanhas milionárias e os padrinhos de Elmano e Roberto Claudio? Para isso, ele apostou muito no discurso da independência. Ele galgou algum êxito nas pesquisas, mas nada que empolgasse muito. Apesar disso, é um nome que pode surpreender no dia 7. Fora isso ele leva o prêmio de pessoa mais apaixonada pelo próprio bordão.
Inácio Arruda (PCdoB): Nome forte, o atual senador é bem conhecido por parte do eleitorado, mas o que faltou pra ele? Não ter conseguido aliar a sua imagem ao governo de Lula e Dilma deve ter esfriado a sua campanha, soma-se a isso a incapacidade econômica de concorrer com as campanhas de Elmano e Roberto Claudio e ao pouco carisma do candidato. Tudo isso misturado foi decisivo para derrubar o candidato em cada pesquisa que sucedeu. Mais uma prova de que no dia do voto, mais vale a propaganda eleitoral do que a história do candidato.
Porém, posso ressaltar mais um ponto: qual o público que o PCdoB consegue atrair? A juventude e os estudantes estão com Roseno. Os eleitores de Lula com o Elmano. Os conservadores vão preferir outros candidatos. E aí, o que sobra pra ele?
Marcos Cals (PSDB): o candidato teve dinheiro pra gastar na campanha, mas faltou carisma e algum nome que pudesse alavancar a sua campanha. Tasso Jereissati? Pediu votos em sobral, mas não pediu aqui. Algum nome nacional que pudesse chamar a atenção para a candidatura? Também não. Soma-se a isso o pouco tempo de televisão. Pois é, o uma vez dominante PSDB é um partido em crise, não possuindo nomes carismáticos e vendo sua influência diminuir cada vez mais.
Prêmio Steve Jobs para graças aos milhares de tablets prometidos.
Moroni Torgan (DEM): sem dúvida o candidato que era mais conhecido antes da campanha eleitoral, tanto para o bem como para o mal. Para o bem porque o candidato possuía um eleitorado fiel, que tem afinidade com seu discurso tradicional e conservador (Família, Segurança, Saúde, Segurança, Educação, Segurança, Religião e Segurança). Não quero dizer que sejam assuntos sem importância, mas é que o candidato pouco aprofundava e era o rei do discurso genérico. Para o mal porque trazia além de um bom eleitorado, um alto índice de rejeição, o qual não conseguiu reverter nessas eleições e que, ainda que vá para o segundo turno, não deve lograr êxito.
Prêmio de Melhor Desempenho Stand Up nos debates. Sua postura caricata no começo dava raiva, mas depois ficou cômica.
Renato Roseno (Psol): tem uma clara base eleitoral baseada nos jovens, nos estudantes e nas minorias. Porém, o candidato não conseguiu se desvencilhar de muitos rótulos que colocaram durantes as eleições como a polêmica sobre a copa, sobre o aborto, sobre a provável falta de base de apoio no poder legislativo. Sua candidatura ainda sofreu, acredite, por ser apoiada por estudantes, sendo rotulada como candidatura de jovens que não tem nada para fazer e de discurso demagogo.
Roberto Claudio (PSB): a campanha teve como padrinho o atual governador Cid Gomes, que conseguiu puxar os votos daquele que aprovam a sua candidatura. Além disso, gastou muito, mas muito dinheiro, para divulgar seu nome. Apresentadores de Tv e cantores de forró já apareceram pedindo seu voto. O carisma não é grande, mas o patrocínio sim, e aqui isso conta muito. Por conta do incidente dos professores no ano passado, insistiu muito na tecla de é filho e neto de professores.
Professor Valdeci: o partido já não é tão novo e ainda se recusa a fazer aliança. Além disso faz uma campanha sem sal. Não dá nem pra comentar muito.
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