Algumas bandas de rock ou metal ganham no Brasil uma dimensão maior do que elas tem em outras partes do mundo.São internacionalmente famosas e gozam de uma carreira de sucesso, mas aqui conseguem ser ainda maiores. Os dois exemplos de bandas que vem a minha cabeça sempre que penso isso são as bandas Iron Maiden e Scorpions. Sobre os britânicos eu já falei muito ( basta conferir esse mês insano de postes da banda). Agora é hora de falar dos grandes mestres do rock alemão.
Na década de oitenta, o nosso país passou por grandes movimentações culturais. Era uma enxurrada de novidades no campo da música e do cinema. Os filmes de hollywood cada vez mais invadiam os nossos cinemas e acompanhar os filmes americanos era cada vez mais fácil e comum. No campo da música, a década de oitenta marcou no Brasil como o período que comprovou que a música internacional poderia atingir dimensões de grande populariadade no nosso país. Não que antes dessa época, não houvesse música internacional no Brasil e que povo daqui vivesse alheio às grandes novidades do exterior, mas simplesmente tudo se tornou mais fácil e comum após os anos oitenta.
No campo da música, dois estilo cairam, em um primeiro momento, diretamente no gosto de muita gente por aqui: o pop rock romântico ( Simple red e Rod Stewart eram figurinha carimbadas) e o rock pesado. Quanto a este último que, obviamente, mais me interessa, o evento mais marcante foi justamente a realização do Rock in Rio I, que apresentou grandes bandas do rock/metal para o público brasileiro que compareceu em massa aos shows ou que então conferiu pela televisão. A partir daquele momento as bandas passaram a considerar uma passagem por nossas terras como algo bem mais viável e o público começou a perceber que aquele som não era nenhum bicho de sete cabeças. Mas ,enfim, meu objetivo não é realizar uma analise do cenário musical daquela momento, apesar de eu já ter me extendido demais no assunto, mas chamar atenção para o fato que a banda Scorpions transitava tranquilamente pelos dois "estilos" citados acima. Ou seja, uma banda que tinha baladas açucaradas para mexer com os corações apaixonados e conseguir um espaço na novela global, mas que, ao mesmo tempo, possuia hinos do rock poderosos que estremeciam os estádios! Deu pra perceber como o sucesso era inevitável?
Ao longo desse tempo todo, o caso de amor dela com o Brasil só fez crescer ao ponto de ser uma das bandas internacionais mais populares no nosso país e uma das mais conhecidas fora da cena rock/metal. A música sem grandes enrolações, pegajosa e direta ( tudo isso sem dispensar a qualidade musical) serviu para iniciar muita gente no mundo das guitarras distorcidas e quase todos, mesmo após perder um pouco de contato com a banda, são capazes de reconhecer e se empolgar ao escutar os clássicos dessa banda.
Eu, particularmente, tenho uma história bem bacana que envolve a banda, mas ao invés de Klaus Meine e Rudolf Schenker eram Jeronimo e André Rodger. Me explico. Até 2004 eu nunca tinha ido para show de rock nem tinha noção de quando iria, até que o Rafael(K), que tb escreve no blog, comentou comigo que conhecia uma cara que tocava guitarra e tinha uma banda de rock, que esse cara iria se apresentar e tinha chamado ele pra ir assistir o show. Confesso que em um primeiro momento, não fiquei muito empolgado pois não achava que podia ter bons músicos de rock na nossa cidade, afinal não conhecia nenhum. Chegado o grande dia do show, eu fui para a locadora de filmes da família do Rafael e lá eu vi o desconhecido guitarrista que não aparentava em nada com um músico de rock, tinha um jeito tranquilo e cabeça raspada. No entanto toda essa sensação de estranhesa logo se dissipou nos primeiros momentos da apresentação, principalmente pelo fato da força que continha naquelas canções. O primeiro show do rock que eu fui era um cover do Scorpions e curti para caramba cada segundo daquela apresentação. Na frente do palco, era possível perceber que não tinha muita gente, eram 30 ao todo, creio eu, o resto estava bêbo dormindo nas antigas rampas do Hey Ho. No entanto o número não importava diante da empolgação daqueles trinta fanáticos e empunhamos nossas mãos para cima e cantamos os clássicos da banda alemã, e por um momento, se eu fechasse os olhos, podia pensar que estava num show em um estádio lotado. Com certeza foi o melhor show da noite.
A partir daquela noite, passei a acompanhar mais seriamente a banda e não apenas com esporádicas canções nas rádios. A medida que conhecia as canções começei a perceber como eram tocadas em tantos lugares, programas de tv, rádios, nos sons dos carros ou até mesmo plagiados pelas bandas de forró locais. Fui vendo como era importante aquela banda.
Quando começei a acompanhar o metal melódico a fundo, sobretudo o brasileiro e o alemão, pude perceber como a semente que o Scorpions tinha plantado gerou tantos frutos, pois todas as bandas germanicas não exitavam em citar a banda como uma grande referência no que tange buscar outros territórios. Além disso, a banda serviu para abrir as portas do rock/ metal alemão para o mundo.
Hoje, alguns anos depois de conhecer a banda, me deparo com a notícia que os integrantes pretendem aposentar-la. A primeira coisa que pensei é que eles vão fazer uma baita falta e tudo que eu escrevi acima comprova como eles são importantes para o mundo do rock, pelo menos na minha visão. Não que o fim do grupo vá apagar o seu legado, de forma alguma, mas apenas acho que é uma banda que rendeu, rende e ainda pode render muita coisa. Talento, carisma e fãs não os faltam. Também não acho que seja essa turnê o fim difinitivo da banda, uma hora outra eles vão dar as caras de novo, no entanto, acho que essa turnê representa o fim de uma fase para a banda. A verdade é que boa parte dos caras já não são tão novos, alguns são da década de quarenta e quer queria quer não, uma hora eles iriam sentir o peso da idade. Talvez a meta agora seja a de adotar uma nova postura, de tirar umas férias longas e de voltar quando tiver com muita vontade, entrar em estúdio quando quiser e tal. Em suma, eu acho que eles, pelo menos os mais velhos e identificados com a banda, querem se desobrigrar um pouco com a vida de tocar com uma grande banda que sempre exige estar lançando cds e fazendo grandes turnês. Talvez ao fim dessa turnê, a filosofia da banda seja mais de quem toca pra curtir do que profissão propriamente dita.
Acabando ou não, o que importa é que dois dos editores do blog vão comparecer ao show da banda em João Pessoa e tenho certeza que lá eles vão curtir como não se houvesse amanhã, agora mais ainda pq vão estar representando quem não vai ( e que teremos uma visão passional do show postada aqui pq essa é a nossa cara, definitivamente somos fãs analisando hehe). Confesso que bate uma pontinha de chateação em não ir pra esse grande show, mas tenho que entender que não posso ter tudo e que tive que escolher um show ao invés de outro por razões que ainda escreverei por aqui, mas isso não vem ao caso agora. Os Scorpions vai definitivamente entrar no universo da nossa galera, vai deixar de ser algo distante e se aproximará das nossas mémorias, seja indo ao show ou através dos relatos de quem foi. A banda vai escrever mais um capítulo em nossas vidas.
Um comentário:
Aee rapaz!!
Realmente é toda uma história com músicas do Scorpions, e agora se aproxima a data de estar presente no show tantas vezes visto em dvd e escutado em cd's!
Como escutaremos...
3,2,1, I AM READY TO ROCK!
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