domingo, 12 de maio de 2013

Melhor que cinema 3D

Antigamente, na era do cinema mudo, alguns filmes tinham a trilha sonora tocada ao vivo como forma de deixar as coisas menos monotonas. Com o avanço do cinema, as trilhas passaram a ser inseridas no próprio filme e a música ao vivo nos cinemas se tornou inútil.

Porém, as vezes a trilha sonora é épica demais e pede um pouco mais. Foi atendendo isso que a orquestra de Roterdam teve fez isso aqui:



Não vejo a hora de ter a trilha sonora do filme do pelé. :D

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O nome certo!

Desde a entrega das obras da Arena Castelão, começou um grande debate sobre qual seria a escolha certa para apresentar o estádio ao mundo. Nesse tempo, tivemos muitos boatos como Red Hot Chili Peppers e Elton John, mas no fim das contas acabou sendo escolhido o nome de Paul McCartney. E a escolha foi certa!

Como já deixei claro aqui n vezes, sou um grande fã dos chili peppers, porém sempre achei o nome do inglês mais adequado e vi que estava certo. Por ser o primeiro evento desse porte no estado, o tiro deveria ser certeiro. E com um ex-beatle na jogada, a partida estava quase ganha, pois a banda é um fenômeno musical que continua forte mesmo depois de 40 anos do seu último trabalho. Assim, tivemos no castelão um encontro de gerações e muitas famílias, além de um enorme número de fãs casuais que mal pisam em shows na nossa cidade, mas que não deixaram passar essa oportunidade única (obs: não tenho nenhuma restrição com que vai apenas a show de gringo famoso, ao contrário de certo vocalista famoso).

Porém, o evento não seria um sucesso apenas devido a expectativa do público e uma presença maciça do mesmo no estádio, esgotando quase todos os setores, salvo aqueles mais caros como Camarote e Lounge VIP. O que restava para consagração da noite era o Sir Paul McCartney subir ao palco e, como disse o mesmo, botar boneco. E nisso não houve uma gota de decepção, pois o show foi incrível e memorável.
Durante quase três horas, Paul desfilou sucessos dos Beatles e de sua carreira solo, um repertório incrível e mesmo não conhecendo umas oito músicas (foram tocadas mais de trinta no total), me encantei bastante pela qualidade da composição e a sublime execução. 

O inglês não é um showman solitário, pois conta com uma banda talentosa e carismática, fazendo do espetáculo algo inesquecível para todos. Além disso, Paul não se sustenta apenas não sua fama e se esforça para se comunicar com a platéia, seja em inglês, português, gestos e danças. O baixista conduz a platéia de um estádio lotado ( e que estádio... belíssimo) e tem o público na mão.

Fora isso, não tenho muito o que dizer. Venho abandonando o estilo tradicional de resenha, onde analiso música após música. Apenas posso dizer que Something foi um momento sobrenatural pra mim.


  • Acesso ao estádio foi complicado:
Vcs já devem ter lido em vários lugares, mas fica aqui minha visão sobre o acesso ao local. Chegar a um evento desse já é complicado e com o entorno do estádio em obras fica ainda mais. Apesar do mapa providênciado pela AMC indicar quatro vias de acesso, muita gente foi jogada para a Av. Alberto Craveiro pelo fato de lá ter o principal estacionamento indicado no mapa. Logo, o engarrafamento foi histórico.

No meu caso, cheguei ao show por volta das 16 horas. Fui de ônibus e o engarrafamento foi pequeno. Acho q apenas cinco minutos a mais do que enfrentaria em um dia normal. Já na volta, peguei uma carona com meu amigo Italo, que estacionou o carro no CEU. Ele acabou sofrendo um pouco mais. Pagou pelo estacionamento no iguatemi e sequer conseguiu chegar lá, pois o engarrafamento era insano.

A estratégia de ônibus que iria fazer o trajeto do estacionamento ao estádio foi um fracasso. O engarramento fazia com que a escolha do ônibus fosse inútil e foi preferível andar. Na verdade, depois que andei a distância entre o estacionamento para o estádio, vi que não era nada demais. Com exceção do Rush in Rio 2010, eu sempre tive que andar bastante. Por exemplo, o bloqueio do rhcp na argentina era de 16 quarteirões! Acho que o maior receio era a segurança mesmo, mas se tinha um canto lotado de PM era lá.

  • Estádio aprovado para receber shows
Salvo o velho problema de fila, o local foi aprovado na minha visão. As cadeiras são boas, pois estádio não tem nada mto melhor do que aquilo. Nas arquibancadas, o acesso ao banheiro e as lanchonetes era facilitado. Quem reclama muito, evite o rock in rio hehe.

  • Classic Rock Rules
O que Roger Waters, Paul, Rush e Deep Purple tem em comum? Shows fodas! Com esses caras, um show de rock não é algo trivial, mas um acontecimento. Os músicos apresentam, apesar da idade, uma gana incrível para se apresentar. No caso dos mais financiados, RW, Paul e Rush, eles entregaram os melhores espetáculos em termos de efeitos e estrutura.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sentir-se pequeno nessa terra de gigantes

Na terra de gigantes, onde todos são sempre mais jovens, mais bonitos, gênios e artilheiros. A cada 5 minutos surge o melhor do século. Diante de todo este sentimento, sentir-se pequeno diante de um mundão como esse, parece uma dádiva. 

Olhar para uma bela montanha ou serra se erguendo e perceber o quanto somos pequenos diante dela. Ver o mundo como algo além de um shopping a espera que você venha pelo caminho pré determinado pra comprar o produto desejado. 

Mas a gente aqui, pequenos nessa terra de gigantes, não somos tão simétricos, nem acabamos tirar a melhor foto do ponto turístico que visitamos mas não sentimos. 

Então, sou pequeno mesmo, porque reclamar? O mundo fica maior assim. São mais caminhos a percorrer.


"Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar."
Antonio Machado

sexta-feira, 3 de maio de 2013

A omissão estatal não vai se resolver apenas com a lei



Nas últimas semanas cresceu bastante o movimento em prol da diminuição da maioridade penal no Brasil. Muito disso por causa do assassinato banal e revoltante do jovem Victor Hugo Deppman, que foi baleado sem sequer ter reagido ao ato criminoso. Um assassinato frio e cruel, capaz de desencadear um grande sentimento de revolta. O criminoso era um adolescente de 17 anos, prestes a completar 18. Qual é a pena máxima que pode receber? Cerca de três anos em casa de custódia. Tal fato motivou uma entrevista coletiva do Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sendo favorável que se diminua a maioridade penal ou que aumente o período de internação e ganhou grande força no cenário político nacional, inclusive na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.

No entanto, mesmo que seja aprovada a nova maioridade penal, o que só será possível através de uma longa e árdua batalha constitucional, eu sinceramente acho que isso não vai mudar muita coisa. Não estou aqui defendendo menores infratores. Na verdade muito desses casos me revoltam e sempre tendo a valorizar mais a posição da família do que a do criminoso.

Porém, eu quero alertar para o populismo penal apregoado por governantes, parlamentares e polícia, que coloca a culpa da impunidade quase que exclusivamente na lei, alegando sua permissividade, e assim tentam esconder as limitações práticas e materiais do nosso sistema de segurança pública. Limitações que em boa parte não são culpa da lei.

Para pensarmos em segurança pública, temos que pensar no seguinte sistema:

Polícia Militar – Polícia Civil – Ministério Público – Judiciário (juiz que julga o caso) – Judiciário (juiz que preside a execução penal) – Estabelecimentos prisionais.

Em tese, o sistema de segurança pública deve funcionar assim:

A polícia militar é a responsável por fazer o combate ostensivo da criminalidade, sendo responsável pelo confronto direto e, quando bem sucedida, pela prisão do criminoso.

Após a prisão, o criminoso é encaminhado para a delegacia de polícia civil, onde poderá ficar preso e onde o delegado vai instaurar o procedimento administrativo de inquérito policial, que será responsável pra colher as provas que serão usadas para condenar o criminoso e assim fazer com que ele possa ir pra cadeia.

Investigação feita, a bola passa para o ministério público, que apura o inquérito e com base nas suas provas entra com a ação penal.

Iniciada a ação pena, o Juiz julga o caso respeitando o devido processo legal, que em linhas gerais (vai ter muito filósofo do direito morrendo com o meu reducionismo) é respeitar os direitos e garantias fundamentais do acusado que incluem procedimento legal, aplicação das leis vigentes ao tempo do fato, garantia de defesa, entre outras coisas.

Julgado o caso e condenado o meliante, a bola vai para o juiz da execução penal que irá determinar e supervisionar o cumprimento da pena nos moldes da sentença que condenou.

Condenado o réu e determinada a execução da pena, o criminoso irá para o estabelecimento prisional determinado pelo Juiz e lá terá que cumprir uma pena que terá a difícil tarefa de representar uma punição e, ao mesmo tempo, uma tentativa de recuperação do preso.

Dito isso, passamos analisar como todo esse sistema anda a beira da falência, usando em especial o caso do Estado do Ceará.

Policia Militar: combater o crime não é uma atividade nada fácil. Até o Batman se ferra algumas vezes, o que dizer dos nossos policiais. Porém, tudo fica mais difícil com o descaso das autoridades com a PM.  Segundo a ONU, a proporção ideal é de um policial para 250 habitantes. No nosso Ceará, esse número é 1 para 565 pessoas, o que representa o terceiro menor efetivo policialdo país. Soma-se a isso a insatisfação dos policiais com a forma que sua carreira é tratada pelo Governo do Estado, que culminou numa greve histórica gerando o dia mais tenso da história recente da nossa cidade (3 de janeiro de 2012 dá medo até agora). Adicionamos ainda o fato do uso da inteligência ainda ser bem precário dentro da secretaria de segurança pública, colocando reforço policial longe das regiões mais violentas (na verdade é até estranho falar de reforço quando o contingente geral é menor do que o necessário). Mas não acaba por ai, temos o caso de pessoas com ficha suja e que sequer fizeram o concurso para o Ronda entrando na corporação graças a uma absurda liminar dada por um juiz desta capital.

Polícia Civil: poucos policiais + estrutura precária (embora tenha melhorado) + muitos caso = trabalho mal feito. Cansei de ver inquérito policial mal feito, com erros de português, articulação ilógica dos fatos, provas dúbias e etc. Investigação mal feita é um passo pra impunidade. Não basta o policial saber que o cara é malaca, tem que ter prova pra condenar.

Ministério Público: poucos promotores, algumas cidades sequer possuem. Ainda temos o fato de eles serem abarrotados de processos, em quantidades quase irreais, além de serem um dos alvos favoritos de criminosos e políticos. O MP luta, mas a batalha sofrida. Com tanta precariedade, fica difícil dar a agilidade necessária para que a sensação de impunidade não impere.

Poder judiciário: aqui temos o que julga e o que determina a execução da pena. Segundo a OAB Ceará, 77 cidades no nosso estado estão sem juízes. São cidades com processo parado porque não tem ninguém pra julgar. Aqui em Fortaleza, as varas são abarrotadas de processos e um julgamento chega até cinco anos. Tudo isso gera um tramite ineficiente e com grandes chances de dar em pizza, pois, muitas vezes as provas não são concludentes, e a demora pode gerar até mesmo a prescrição. Além disso, quanto pior o serviço for feito, mas chance de dar brecha a recursos e assim demorar ainda mais. Passada condenação, temos o trabalho do juiz de execução penal, também conhecido como o pior trabalho do judiciário cearense. Até ano passado era uma única vara com juiz titular e outro substituto para dar de conta de todas as execuções penais do estado. Caramba, isso é impensável. Hoje o número é de três varas e a coisa ainda continua ruim. O mais engraçado é que se apoia a redução da maioridade penal, mas mesmo assim houve um corte de verbas de mais de 100 milhões de reais no Judiciário Cearense.

Como é possível fazer justiça assim? Por acaso é a lei que manda o judiciário ser precário? Sai pra lá governantes. Na avaliação do CNJ, a gestão do judiciário no nosso estado é muito ruim. 

Estabelecimento prisional: temos aqui a pérola da nossa segurança pública. É caro pra caramba, não consegue ressocializar quase ninguém, saindo muitas vezes pior, deixando todo mundo insatisfeito: presos, governantes e sociedade.

Ainda podemos somar a tudo que foi dito dois problemas graves no serviço público brasileiro: descaso e corrupção. São duas chagas que minam ainda mais a prestação do serviço público de segurança e faz imperar ainda com mais força a impunidade e a descrença no poder público.

Logo, vendo esse quadro lamentável da segurança pública, não dá pra acreditar que mudar a maioridade penal vá mudar tudo, como muita gente acredita de forma mágica. A polícia continuará precária, o MP sem estrutura, o Judiciário lento e as prisões sucateadas. É praticamente impossível chegar perto da noção de justiça com esse retrato da nossa segurança.

Pra mim, a população defender a redução da maioridade penal apesar do que foi dito não é um absurdo. Ela está com medo e acuada, além de um rancor muito grande. O problema são os responsáveis pela nossa segurança pegarem carona nesse discurso e desviarem o foco das suas responsabilidades. Não adianta a lei prever punições se o estado não tem a capacidade de punir.

O debate não acaba aqui. Não se encerra nas linhas acima. Muita água ainda vai rolar. Nos resta observar e não cair em discursos falsos e populistas, que fingem estar trabalhando seriamente na solução desses problemas.