segunda-feira, 18 de março de 2013

NBB no Ceará



Foi no longínquo ano de 1996, durante os Jogos Olímpicos de Verão de Atlanta (Estados Unidos), que eu tive o primeiro contato com o basquete. Meu interesse pelo jogo onde 10 gigantes correm de um lado para o outro ora defendendo ora atacando a cesta foi instantâneo. A premissa simples foi o suficiente pra encantar o garoto de 7 anos. 

Depois de uns anos comecei a acompanhar a NBA e competições nacionais quando minha família assinou a Directv (é a nova!), porém passei a consumir o esporte com muita intensidade somente após descobrir os links na internet para assistir aos jogos. A internet deu a possibilidade de assistir qualquer jogo que eu quisesse e prontamente fique viciado no esporte.

Quando eu assistia aos jogos pela internet, me perguntava como seria acompanhar de perto, como era a atmosfera do ginásio e se o jogo era fácil de acompanhar ao vivo. Até o último sábado, dia 16, eu não saberia responder essas questões. Somente até sábado, pois fui ao primeiro jogo de basquete profissional em toda minha vida.

A realização desse desejo foi possível graças ao novo momento que o esporte vive no nosso país.

Depois de anos e anos tendo um campeonato nacional sucateado e sem visibilidade alguma, cujo comando era da bagunçada e incompetente Cofederação Brasileira de Basquete, a modalidade começou a reagir com a criação da liga nacional de basquete. Essa liga é formada diretamente pelos clubes e eles fundaram o novo basquete Brasil.

O novo campeonato não é perfeito. Ainda carece de avanços técnicos para ser de primeira linha, mas alguns progressos podem ser notados como boa uma estrutura básica nos locais das partidas, atração de patrocinadores e parceria com meios de comunicação. Ainda falta muito que fazer, mas é um progresso.

Foi esse novo cenário que motivou a fundação de uma equipe aqui no nosso estado. Somos um estado sem tradição no basquete, com um público limitado, e um campeonato local que sequer ganha notas de rodapés nos jornais. Porém isso começou a mudar no ano passado quando o técnico Alberto bial veio fazer um bate papo com crianças de alguns projetos esportivos. Naquela ocasião surgiu o embrião do que seria o Sky/Basquete Cearense e tudo se desenvolveu graças a luta de alguns amantes do esporte, do apoio da Unifor e do Governo do Estado e, especial, graças ao apoio da Sky, que bancou o projeto e montou uma equipe digna para o nosso estado.

O nome meio insosso foi devido ao receio dos dirigentes de que o clube fosse associado aos tracionais Ceará Sporting Club e Fortaleza Esporte Clube, o que seria arriscado no plano de identificação da torcida com a equipe pelas rivalidades já existente.

Mas e ai, como foi ver o jogo? Posso dizer que curti bastante.

O ginásio Paulo Sarasate recebeu alguns ajustes e apresentou uma boa estrutura para o jogo. A quadra ficou bonita, as cestas são padrão internacional e o telão dá informações bem claras do jogo. Acho que fica faltando apenas um local para garantir a acessibilidade de cadeirantes.

Ainda falando sobre a estrutura, por mais que seja muito aquém do que vemos na NBA, posso dizer que eles se preocupam em montar uma festa legal com muita música e atrações diversas, fazendo com que a espera pelo jogo não seja lá grande problema.

O ginásio recebeu um bom público se considerado que o esporte não é popular na nossa cidade. O diferencial da partida foi ver várias famílias acompanhando a partida e a ausência quase que completa de tensões como existe nas arquibancadas de futebol.

 E o jogo?                                

Bem, o jogo era entre o time local e a equipe do Palmeiras. Enquanto o Sky BC luta para conseguir as vagas nos playoffs, a equipe paulista tenta assegurar a recente reação para fugir do rebaixamento. Pra ajudar a equipe alviverde, a torcida organizada se fez presente e apoiou durante todo jogo. Já do lado cearense, apesar de não contar com torcida organizada, houve muita empolgação também.

O jogo começou equilibrado. Enquanto o time cearense variava mais as jogadas, o palmeiras dominava o garrafão com direito a muitos rebotes ofensivos. Além disso, as equipes desperdiçaram muitas posses de bolas, encerrando o primeiro quarto por 17 a 10 para os locais.

No começo do segundo quarto, a equipe paulista voltou melhor e cortou parte da vantagem. Porém o basquete cearense não se abalou e abriu uma diferença que chegou a 13 pontos em determinado momento do jogo, mas viu a folga acabar depois que estourou o limite de faltas, fazendo com que qualquer infração levasse o Palmeiras ao lance livre, ajudando a cortar a diferença. O segundo quarto terminou por 37 a 29.

No terceiro quarto, o BC voltou com tudo e incendiou a torcida. Com uma enterrada de Felipe e algumas jogadas defensivas bem executadas, a vantagem alcançou 15 pontos, a maior da partida. Porém, quem acompanha basquete sabe que isso não é muita coisa e não foi. O time cearense começou descansar algumas peça importantes e viu a vantagem cair consideravelmente.

No último quarto o Palmeiras continuou a reação e a equipe local fez o seu pior período. Com muitos erros de um lado e cestas de 3 de tiagão do outro, não deu outra: jogo empatado em 71 e prorrogação.

Na prorrogação, o ala André Goes salvou a pele do time cearense e marcou 9 dos 14 pontos da equipe na prorrogação. Um desempenho épico para marcar a primeira vez que vejo um jogo profissional.

André Góes, o herói do jogo.


De modo geral, ir a um jogo de basquete é muita massa. A cada posse de bola são gritos por defesa ou comemoração pelas cestas da sua equipe. Enterradas e tocos são motivos de delírio para os amantes do esporte. Em síntese, uma tarde inesquecível pra mim e espero que seja o primeiro de muitos.

Foto: LC Moreira (Site da Liga Nacional de Basquete)

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