Foi no longínquo ano de 1996, durante os Jogos Olímpicos de
Verão de Atlanta (Estados Unidos), que eu tive o primeiro contato com o
basquete. Meu interesse pelo jogo onde 10 gigantes correm de um lado para o
outro ora defendendo ora atacando a cesta foi instantâneo. A premissa simples
foi o suficiente pra encantar o garoto de 7 anos.
Depois de uns anos comecei a acompanhar a NBA e competições
nacionais quando minha família assinou a Directv (é a nova!), porém passei a
consumir o esporte com muita intensidade somente após descobrir os links na
internet para assistir aos jogos. A internet deu a possibilidade de assistir
qualquer jogo que eu quisesse e prontamente fique viciado no esporte.
Quando eu assistia aos jogos pela internet, me perguntava
como seria acompanhar de perto, como era a atmosfera do ginásio e se o jogo era
fácil de acompanhar ao vivo. Até o último sábado, dia 16, eu não saberia
responder essas questões. Somente até sábado, pois fui ao primeiro jogo de
basquete profissional em toda minha vida.
A realização desse desejo foi possível graças ao novo
momento que o esporte vive no nosso país.
Depois de anos e anos tendo um campeonato nacional sucateado
e sem visibilidade alguma, cujo comando era da bagunçada e incompetente
Cofederação Brasileira de Basquete, a modalidade começou a reagir com a criação
da liga nacional de basquete. Essa liga é formada diretamente pelos clubes e
eles fundaram o novo basquete Brasil.
O novo campeonato não é perfeito. Ainda carece de avanços
técnicos para ser de primeira linha, mas alguns progressos podem ser notados
como boa uma estrutura básica nos locais das partidas, atração de
patrocinadores e parceria com meios de comunicação. Ainda falta muito que
fazer, mas é um progresso.
Foi esse novo cenário que motivou a fundação de uma equipe
aqui no nosso estado. Somos um estado sem tradição no basquete, com um público
limitado, e um campeonato local que sequer ganha notas de rodapés nos jornais.
Porém isso começou a mudar no ano passado quando o técnico Alberto bial veio
fazer um bate papo com crianças de alguns projetos esportivos. Naquela ocasião
surgiu o embrião do que seria o Sky/Basquete Cearense e tudo se desenvolveu
graças a luta de alguns amantes do esporte, do apoio da Unifor e do Governo do
Estado e, especial, graças ao apoio da Sky, que bancou o projeto e montou uma
equipe digna para o nosso estado.
O nome meio insosso foi devido ao receio dos dirigentes de
que o clube fosse associado aos tracionais Ceará Sporting Club e Fortaleza
Esporte Clube, o que seria arriscado no plano de identificação da torcida com a
equipe pelas rivalidades já existente.
Mas e ai, como foi ver o jogo? Posso dizer que curti
bastante.
O ginásio Paulo Sarasate recebeu alguns ajustes e apresentou
uma boa estrutura para o jogo. A quadra ficou bonita, as cestas são padrão
internacional e o telão dá informações bem claras do jogo. Acho que fica
faltando apenas um local para garantir a acessibilidade de cadeirantes.
Ainda falando sobre a estrutura, por mais que seja muito
aquém do que vemos na NBA, posso dizer que eles se preocupam em montar uma
festa legal com muita música e atrações diversas, fazendo com que a espera pelo
jogo não seja lá grande problema.
O ginásio recebeu um bom público se considerado que o
esporte não é popular na nossa cidade. O diferencial da partida foi ver várias
famílias acompanhando a partida e a ausência quase que completa de tensões como
existe nas arquibancadas de futebol.
E o jogo?
Bem, o jogo era entre o time local e a equipe do Palmeiras.
Enquanto o Sky BC luta para conseguir as vagas nos playoffs, a equipe paulista
tenta assegurar a recente reação para fugir do rebaixamento. Pra ajudar a
equipe alviverde, a torcida organizada se fez presente e apoiou durante todo
jogo. Já do lado cearense, apesar de não contar com torcida organizada, houve
muita empolgação também.
O jogo começou equilibrado. Enquanto o time cearense variava
mais as jogadas, o palmeiras dominava o garrafão com direito a muitos rebotes
ofensivos. Além disso, as equipes desperdiçaram muitas posses de bolas,
encerrando o primeiro quarto por 17 a 10 para os locais.
No começo do segundo quarto, a equipe paulista voltou melhor
e cortou parte da vantagem. Porém o basquete cearense não se abalou e abriu uma
diferença que chegou a 13 pontos em determinado momento do jogo, mas viu a
folga acabar depois que estourou o limite de faltas, fazendo com que qualquer
infração levasse o Palmeiras ao lance livre, ajudando a cortar a diferença. O
segundo quarto terminou por 37 a 29.
No terceiro quarto, o BC voltou com tudo e incendiou a
torcida. Com uma enterrada de Felipe e algumas jogadas defensivas bem
executadas, a vantagem alcançou 15 pontos, a maior da partida. Porém, quem
acompanha basquete sabe que isso não é muita coisa e não foi. O time cearense
começou descansar algumas peça importantes e viu a vantagem cair
consideravelmente.
No último quarto o Palmeiras continuou a reação e a equipe
local fez o seu pior período. Com muitos erros de um lado e cestas de 3 de
tiagão do outro, não deu outra: jogo empatado em 71 e prorrogação.
Na prorrogação, o ala André Goes salvou a pele do time
cearense e marcou 9 dos 14 pontos da equipe na prorrogação. Um desempenho épico
para marcar a primeira vez que vejo um jogo profissional.
André Góes, o herói do jogo. |
De modo geral, ir a um jogo de basquete é muita massa. A
cada posse de bola são gritos por defesa ou comemoração pelas cestas da sua
equipe. Enterradas e tocos são motivos de delírio para os amantes do esporte.
Em síntese, uma tarde inesquecível pra mim e espero que seja o primeiro de
muitos.
Foto: LC Moreira (Site da Liga Nacional de Basquete)
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