domingo, 28 de outubro de 2012

Algumas informações sobre as eleições de 2012

O processo eleitoral não se restringe ao dia das votações. Tudo começa com as convenções partidárias que definem seus candidatos, lá por junho, e vai até os momentos da diplomação e posse do cargo, em dezembro e janeiro respectivamente. Porém, não há como negar que é o dia da votação que define a cara desse período e determina os mandatários dos cargos políticos pelos próximos quatro anos.

Passado esse dia, podemos analisar alguns números e fazer algumas interpretações. As informações foram obtidas em sites como Uol, G1, TSE e Google Politcs and Elections. Pude notar q os sites apresentaram uma pequena variação e imprecisão nos números, mas nada q comprometa a visão geral q pretendemos aqui.

I. Quais foram os partidos que mais elegeram?

1. PMDB: 1024 (1207 em 2008)
2. PSDB: 705 (788 em 2008)
3. PT: 636 (558 em 2008)
4. PSD: 490 (fundado em 2011)
5. PP: 469 (557 em 2008)
6. PSB: 439 (314 em 2008)
7. PDT: 309 (343 em 2008)
8. PTB: 292 (415 em 2008)
9. PR: 278 (382 em 2008)
10. DEM: 274 (501 em 2008)

Comentário:

Partidos tradicionais como PMDB, PSDB e Democratas tiveram uma leve queda em prefeituras. Ao todo foram 22 partidos conseguindo eleger seus candidatos, entre eles o Psol q elegeu dois candidatos (menor número dentre os partidos q conseguiram eleger). O PSB, partido de Roberto Cláudio, e o PSD, partido fundado ano passado pelo prefeito de SP, conseguiram marcas impressioantes. Já o PT teve um crescimento, apesar do julgamento do mensalão ocorrer ao mesmo tempo que as eleições.

Outro comentário é que os partidos que compõe a base de governo federal (PMDB, PCdoB, PSB, PP, PRB, PDT e PR), conseguiram 3.259 prefeituras, quase 60% dos municípios do país. Uma marca ainda expressiva.

II. Quais foram os partidos que dominaram as capitais? (entre parenteses o número de prefeituras em 2008)

1. PSB: 5 (3);
2. PT: 4 (6); PSDB: 4 (4);
3. PDT: 3 (1);
4. PMDB: 2 (6); PP:  2 (1); Democratas 2 (1)
5. Com apenas uma prefeitura: PPS (0), PSD (0), PTC(0), PSOL (0)

Comentário:

Aqui temos algumas coisas curiosas.

Primeiro a confirmação do crescimento do PSB, que fez 5 capitais, entre elas Fortaleza, Recife e Belo Horizonte. O partido deve se manter aliado ao PT no governo federal, mas provavelmente vai pressionar por mais força dentro do governo (Mais ministérios e recursos para fazer vcs sabem o q);

Em segundo, posso destacar o PMDB que perdeu muito espaço nas capitais, embora ainda seja dominante no total de municípios.

Em terceiro o PT, q perdeu o total de prefeituras, mas ganhou SP, tradicional reduto do PSDB;

Em quarto, e mais curioso, eu destaco o fato de que todas as capitais que  o PSDB conseguiu foram no norte e nordeste. Isso me chamou mta atenção devido ao fato das ofensas proferidas pelos partidários do PSDB (nem todos, mas alguns) contra os eleitores do Norte e NE por causa da vitória de Dilma nessas regiões nas eleições de 2010.

Por fim, os governos da base aliada do governo federal fizeram 16 capitais.

III. Quem mais elegeu no Ceará?

PSB: 40
PT: 30
PSD: 27
PMDB: 21
PRB: 16
PDT: 8
PSDB: 8

O que dizer? Amplo domínio do PSB e a consagração da força política dos Ferreira Gomes. Além do governo do estado, levaram 40 prefeituras, entre elas Fortaleza. Partidos como PT e PMDB tb são da base aliada do governador e levaram juntos 51 prefeituras. Lembrando, PT e PSB são aliados a nível estadual e nacional, logo a renovação proposta por algumas candidaturas é apenas de fachada.

IV. O futuro prefeito conseguiu eleger a maioria na câmara?

Bem, a candidatura vencedora era formada pelos seguintes partidos PRB / PP / PTB / PMDB / PSL / PSDC / PHS / PMN / PTC / PSB / PRP / PSD / PT do B. Achou muito? Pois é. São 13 partidos e agora será um Deus nos acuda pra fatiar cargos e secretarias nas mãos de todos. O problema é que essa coligação só conseguiu eleger 12 vereadores de um total de 43 vagas, ou seja, novos partidos terão entrar na partilha para que o executivo consiga a maioria no legislativo.


Concluindo, esse é quadro geral das nossas eleições (com muita redução, admito), mas espero ter ajudado a esclarecer algumas informações para aqueles que quererm visualizar essas movimentações políticas com maior conhecimento e, consequentemente, saber se portar melhor diante delas.

Tudo se divide, todos se separam

Quem me conhece facilmente pode identificar que eu curto bastante Engenheiros do Hawaii, e esse trecho de uma música que escolhi para ser titulo deste post, é algo que vem se repetindo em minha mente várias vezes recentemente.

Hoje nós temos o resultado do segundo turno das eleições para prefeito em Fortaleza. Já há algum tempo vinhamos vendo uma grande rejeição ao governo dos dois candidatos. Mas não é esse o ponto que me chamou atenção aqui. Foi o ataque direcionado aos eleitores de um aos eleitores do outro. Coisas do tipo "Tu é muito idiota de votar em tal candidato" ou "Só pode ser muito burro mesmo esse povo, é pra se lascar mesmo".
Outro caso recente que tem relevância para esse post, foi engatilhado a partir do apagão em vários estados do nordeste na última semana. Não pela primeira vez ocorreram vários comentários pejorativos de pessoas de outras regiões direcionado aos nordestinos e a própria região em si. Alguns comentários chegaram a um ponto bastante depreciativo. Em resposta, temos comentários de nordestinos do tipo "Quando tiver desabamento por ae, quero ver se vocês não ver querer ajuda da gente".

Já deve ter ficado claro que o assunto que estou matutando aqui é que, ao que tem me parecido, estamos sempre procurando meios de nos separar. Partido A e Partido B, Nordeste e Sudeste, Brasil e Argentina, branco e negro, capital e interior, ocidente e oriente, norte e sul.... não me refiro a discordar, o que vejo não só como esperado, como também produtivo. O questão é que passamos a nutrir uma aversão ao indivíduo que pertence ao outro grupo, não as idéias deste.

E será para que toda essa divisão? Acredito que podemos ser mais fortes, mais produtivos, estando em união. Que se em vez de procurarmos derrubar alguém que está do lado oposto de uma situação, procurarmos a forma de achar uma evolução da situação. 

Mais uma vez, no texto que faço, procuro que traga discussões que possam desenvolver a forma de ver a situação. Por isso peço, questionem e discutam comigo.


"Que a chuva caia
Como uma luva
Um dilúvio, um delírio
Que a chuva traga
Alívio imediato"

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Resumo do primeiro turno - eleições 2012


No próximo domingo, dia 07 de outubro, os cidadãos de  5.565 municípios de todo o Brasil elegerão seus representantes para os cargos de prefeito e vereador. Apesar das inúmeras frustrações que o tema política me desperta, eu não consigo me manter plenamente afastado do assunto, sempre me chamando a atenção. É por essa motivação que eu venho até o nosso blog para escrever sobre as eleições municipais de Fortaleza.

Meu primeiro desafio foi escolher uma abordagem que possibilitasse um texto mais imparcial possível, tendo a consciência que a imparcialidade plena é improvável, uma vez que nossa maneira de ver a política é influenciada por vários fatores. Em face disso, eu resolvi escrever um resumo sobre as campanhas de cada candidato e quais dificuldades elas tiveram que enfrentar e se elas foram superadas. Analisar as campanhas e não as qualidades de cada candidato confere, a meu ver, uma maior objetividade para o texto, embora, confesso, não seja a abordagem ideal.

Pois aqui vamos nós:

André Ramos (PPL): mais novo candidato a prefeito destas eleições, a sua candidatura teve um claro objetivo: divulgar o ainda recente Partido da Pátria Livre. Devido ao pouco tempo de exposição, o partido continuará desconhecido para a maioria dos fortalezenses.

Elmano de Freitas (PT): candidato do partido que governa Fortaleza desde 2004, a primeira missão da campanha de Elmano foi apresentá-lo ao grande público, pois ainda era um ilustre desconhecido. Não a toa, no princípio da campanha ele insistiu em dar relatos da sua carreira como advogado e como integrante do Orçamento Participativo. O mais interessante é que o candidato andou pisando na bola nessa apresentação ao público, mas seus concorrentes não prestaram muita atenção. Primeiro, ele alegou ter atuado nos tribunais superiores, mas nenhum registro dele foi encontrado por lá. Segundo, o orçamento participativo de Fortaleza é responsável por uma parcela bem diminuta do orçamento geral da cidade, o que, ao contrário do que o Lula dizia, é pouca coisa. Após isso, a propaganda colou o candidato na figura do ex-presidente Lula, fazendo-o decolar nas pesquisas. Nos debates mostrou-se bem morno, apenas se esquivando das críticas. Ainda cometeu um erro numa entrevista ao dar nota 10 para atual administração, ao mesmo passo que dá nota 7 para a educação (será q uma adm. pode ser perfeita com uma educação mais ou menos?)  Ou seja, Elmano lidera as eleições com base numa figura populista do ex-presidente e numa campanha milionária, tendo passado de 3% para 23% nas pesquisas de intenção de votos, contando o período pré, durante e pós propaganda eleitoral.

Prêmio de melhor esquiva política vai para ele rsrs.

Francisco Gonzaga (PSTU): Pela primeira vez vi uma campanha do PSTU tentando ser simpática. Deixou-se de lado o bordão contra burguês vote 16 ou abaixo a ALCA e o FMI, para, finalmente, falar sobre a nossa cidade. Apesar de ser uma campanha que vai para lugar nenhum, eles deixaram bem claro seu objetivo: representam o proletário, em especial o da construção civil, e acreditam na força dessa categoria para eleger ao menos um vereador para dar voz à essa parcela da população.

Heitor Ferrer (PDT): principal opositor do governo do estado na assembleia, atuando com muito rigor na fiscalização da administração de Cid Gomes, Heitor Ferrer chegou conhecido do grande público, porém tinha uma clara dificuldade: como superar as campanhas milionárias e os padrinhos de Elmano e Roberto Claudio? Para isso, ele apostou muito no discurso da independência. Ele galgou algum êxito nas pesquisas, mas nada que empolgasse muito. Apesar disso, é um nome que pode surpreender no dia 7. Fora isso ele leva o prêmio de pessoa mais apaixonada pelo próprio bordão.

Inácio Arruda (PCdoB): Nome forte, o atual senador é bem conhecido por parte do eleitorado, mas o que faltou pra ele? Não ter conseguido aliar a sua imagem ao governo de Lula e Dilma deve ter esfriado a sua campanha, soma-se a isso a incapacidade econômica de concorrer com as campanhas de Elmano e Roberto Claudio e ao pouco carisma do candidato. Tudo isso misturado foi decisivo para derrubar o candidato em cada pesquisa que sucedeu. Mais uma prova de que no dia do voto, mais vale a propaganda eleitoral do que a história do candidato.

Porém, posso ressaltar mais um ponto: qual o público que o PCdoB consegue atrair? A juventude e os estudantes estão com Roseno. Os eleitores de Lula com o Elmano. Os conservadores vão preferir outros candidatos. E aí, o que sobra pra ele?

Marcos Cals (PSDB): o candidato teve dinheiro pra gastar na campanha, mas faltou carisma e algum nome que pudesse alavancar a sua campanha. Tasso Jereissati? Pediu votos em sobral, mas não pediu aqui. Algum nome nacional que pudesse chamar a atenção para a candidatura? Também não. Soma-se a isso o pouco tempo de televisão. Pois é, o uma vez dominante PSDB é um partido em crise, não possuindo nomes carismáticos e vendo sua influência diminuir cada vez mais.

Prêmio Steve Jobs para graças aos milhares de tablets prometidos.

Moroni Torgan (DEM): sem dúvida o candidato que era mais conhecido antes da campanha eleitoral, tanto para o bem como para o mal. Para o bem porque o candidato possuía um eleitorado fiel, que tem afinidade com seu discurso tradicional e conservador (Família, Segurança, Saúde, Segurança, Educação, Segurança, Religião e Segurança). Não quero dizer que sejam assuntos sem importância, mas é que o candidato pouco aprofundava e era o rei do discurso genérico. Para o mal porque trazia além de um bom eleitorado, um alto índice de rejeição, o qual não conseguiu reverter nessas eleições e que, ainda que vá para o segundo turno, não deve lograr êxito.

Prêmio de Melhor Desempenho Stand Up nos debates. Sua postura caricata no começo dava raiva, mas depois ficou cômica.

Renato Roseno (Psol): tem uma clara base eleitoral baseada nos jovens, nos estudantes e nas minorias. Porém, o candidato não conseguiu se desvencilhar de muitos rótulos que colocaram durantes as eleições como a polêmica sobre a copa, sobre o aborto, sobre a provável falta de base de apoio no poder legislativo. Sua candidatura ainda sofreu, acredite, por ser apoiada por estudantes, sendo rotulada como candidatura de jovens que não tem nada para fazer e de discurso demagogo.

Roberto Claudio (PSB): a campanha teve como padrinho o atual governador Cid Gomes, que conseguiu puxar os votos daquele que aprovam a sua candidatura. Além disso, gastou muito, mas muito dinheiro, para divulgar seu nome. Apresentadores de Tv e cantores de forró já apareceram pedindo seu voto. O carisma não é grande, mas o patrocínio sim, e aqui isso conta muito. Por conta do incidente dos professores no ano passado, insistiu muito na tecla de é filho e neto de professores.

Professor Valdeci: o partido já não é tão novo e ainda se recusa a fazer aliança. Além disso faz uma campanha sem sal. Não dá nem pra comentar muito.